Investigadores recuperam gravação da caixa-preta do avião da Germanwing

Publicado em 25/03/2015 - 16:41 Por Giselle Garcia – Correspondente da Agência Brasil/EBC - Copenhague

 

Remi Jouty, diretor do agência investigativa de aviação da França (Bureau d'Enquetes et d'Analyses BEA)

Remi Jouty, diretor do agência que investiga a queda do avião, disse que é cedo para chegar a conclusões sobre o que aconteceu Ian Langsdon/Agência Lusa 

Especialistas do Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que analisam a caixa-preta do avião da companhia alemã Germanwings, anunciaram que, apesar dos danos no gravador de voz do cockpit, foi possível recuperar um arquivo de áudio. “Vamos trabalhar agora para tentar interpretar e entender os sons e vozes”, disse o diretor do BEA, Remy Jouty.

Ele não quis adiantar o conteúdo do arquivo. “Temos alguns minutos de gravação. Não podemos dizer quem está falando. Leva tempo para entender essas coisas. Ainda é cedo para tirar conclusões sobre o que aconteceu”. Não há previsão para que o resultado da análise seja divulgado.

A expectativa é que, a partir dos sons na cabine e das conversas entre os pilotos e o restante da tripulação, seja possível entender as causas do acidente aéreo, que, até agora, permanecem indeterminadas.

A aeronave, que decolou de Barcelona por volta das 10h (6h no Brasil) de ontem (24), em direção a Düsseldorf, na Alemanha, perdeu estabilidade quando voava a 11 mil metros de atitude sobre uma área remota dos Alpes franceses. A queda durou cerca de 10 minutos, considerada rápida por especialistas, mas não ocorreu uma queda livre.

De acordo com o diretor do BEA, as informações levantadas até agora são suficientes para sugerir que o avião não explodiu em pleno voo e não sofreu despressurização. “O avião colidiu com um lado da montanha em alta velocidade (700 quilômetros por hora) e com grande energia. Só então ele se desintegrou e se dispersou em pequenos pedaços”, informou Jouty.

Entre as hipóteses mais prováveis para explicar a catástrofe estão problemas técnicos, explosão do motor ou erro humano diante de uma situação de emergência. Possibilidades menos prováveis, como um ataque terrorista ou colisão com algum objeto ou animal, também são consideradas pelos investigadores.

A última comunicação do avião com o controle de tráfego aéreo ocorreu por volta das 10h30 (hora local), com um pedido de permissão para continuar a rota. Um minuto depois, o Airbus A320 começou a cair e não houve mais resposta dos pilotos às chamadas do centro de controle, que acompanhou a trajetória pelo radar até momentos antes da colisão.

Questionado sobre a descida “aparentemente controlada” da aeronave, Jouty reconheceu que o avião parecia ser controlado por pilotos ou pelo piloto automático. “Apesar de que é difícil imaginar que um piloto enviaria um avião para uma montanha”, observou.

As buscas continuam no local do acidente para tentar recuperar e identificar os corpos das 150 vítimas do desastre aéreo. De acordo com informações divulgadas nesta manhã por autoridades francesas, passageiros de 15 nacionalidades embarcaram no voo, a maioria espanhóis e alemães.
 

Edição: Beto Coura

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