Pence: desfecho positivo para Coreia do Norte depende de Kim Jon-un
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, afirmou hoje (22) que o diálogo com a Coreia do Norte só terá um desfecho negativo se Kim Jong-un não fizer um acordo em prol da desnuclearização do país. As declarações de Pence foram dadas em um momento em que a imprensa norte-americana destaca a incerteza sobre a cúpula entre Donald Trump e o líder norte-coreano.
As dificuldades no diálogo surgiram depois de testes militares realizados pela Coreia do Sul e Estados Unidos no começo deste mês e de comentários do Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Trump, John Bolton, de que o governo americano estaria olhando para a Líbia como um possível exemplo para a Coreia do Norte.
Os comentários de Bolton colocaram em alerta a alta cúpula norte-coreana, de que os Estados Unidos poderiam ter o objetivo de dar à Kim Jong-un o mesmo destino do ditador da Líbia, Muammar Khadafi - capturado e morto em 2011, por rebeldes com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Khadafi foi morto oito anos depois de ter feito, em 2003, um acordo para abrir mão de seu programa nuclear. Na época, as sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Líbia foram suspensas e as relações entre os dois países foram retomadas.
Durante uma entrevista à TV FOX News, amplamente repercutida na imprensa em geral hoje, Mike Pence referiu-se ao exemplo da Líbia. "Houve alguma conversa sobre o modelo líbio na semana passada[...]. Mas o presidente deixou claro, isso [negociação com a Coreia do Norte] só terminará como o modelo líbio terminou, se Kim Jong-un não fizer um acordo", disse.
Ele reafirmou que o governo norte-americano “não vai tolerar que a Coréia do Norte possua armas nucleares e mísseis balísticos“, que ameacem os Estados Unidos e seus aliados.
Expectativa
A reunião entre Trump e Kim Jon-Un está prevista para o dia 12 de junho em Cingapura. Sobre o encontro, Pence afirmou que o Washington está esperando que ele aconteça. "A realidade é que esperamos uma solução pacífica", disse Pence, ao reafirmar que Trump continua aberto a uma cúpula.
"O presidente continuará a perseguir esse caminho, mesmo enquanto estamos firmes no objetivo da desnuclearização", ressaltou.
Início da crise
A retórica negativa de Pyongyang começou justamente depois dos exercícios militares, e dos rumores gerados pelas declarações do conselheiro de segurança de Trump. No começo de maio, Kim Jong-un surpreendeu a comunidade internacional ao cancelar um encontro com a Coreia do Sul e dizer que o encontro com Trump poderia não acontecer. A Casa Branca informou na ocasião que continuaria trabalhando.
Ao tentar minimizar os comentários de Bolton, a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse na semana passada que o governo Trump "estava 100% confiante na capacidade de negociação do presidente".
Provocações
O histórico encontro entre Kim Jon-un e o presidente sul-coreano, que aconteceu no final de abril passado, também já deu lugar à incerteza sobre a paz na região. No dia 5 de maio, Kim colocou em dúvida a reunião com Trump e afirmou que as negociações com a Coreia do Sul estavam suspensas.
A partir deste dia, Pyongyang mudou o tom conciliador registrado no dia do encontro com o presidente sul-corano Moon Jae-in. Ambos haviam prometido uma "nova história" e que trabalhariam juntos pela desnuclearização da península.
Hoje um grupo de jornalistas internacionais se dirige à Coreia do Norte, a convite de Pyongyang para acompanhar o desmantelamento de um local de testes nucleares. Foram convidados representantes da imprensa da Coreia do Sul, China, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. O grupo viaja de Pequim para o território norte-coreano.
Os jornalistas sul-coreanos teriam sido barrados e impedidos de seguir viagem com os demais convidados. O governo da Coreia do Sul lamentou o incidente e a mudança de postura após o convite.