Geleiras suíças perdem 10% do volume em dois anos

É a segunda maior queda desde o início das medições, mostra estudo

Publicado em 28/09/2023 - 07:38 Por RTP* - Berna

Estudo da Academia Suíça de Ciências Naturais mostra que as geleiras suíças perderam 10% do seu volume em dois anos, após o agravamento das condições meteorológicas e alterações climáticas. De acordo com o grupo de especialistas responsável pela pesquisa, nos últimos dois anos as geleiras derreteram tanto quanto no período de 1960 e 1990 devido às mudanças do clima.

O estudo indica que elas perderam 10% do seu volume nos anos de 2022 e 2023 devido à pouca neve no inverno e às temperaturas muito elevadas no verão.

A conclusão do levantamento é clara: "As geleiras suíças estão derretendo cada vez mais rápido".

Anos de fenômenos extremos se sucedem e são semelhantes: depois de perderem 6% do volume em 2022, um ano recorde, as geleiras derreteram mais 4% neste ano.

Este é o segundo maior declínio desde o início das medições, segundo o estudo.

"É uma combinação da péssima sucessão de extremos climáticos e das mudanças do clima", explica Matthias Huss, que dirige a rede suíça de pesquisa glaciológica (Glamos). Ele disse ser urgente avançar com medidas para ajudar a preservar essas geleiras.

"Temos visto mudanças tão fortes no clima nos últimos anos que é perfeitamente possível imaginar esse país sem geleiras", afirma o cientista, acrescentando que é necessária ação decisiva de "estabilização climática", reduzindo as emissões de dióxido de carbono (CO2) a zero o mais rapidamente possível".

O mês seco e muito quente de junho passado fez com que a neve derretesse duas a quatro semanas mais cedo do que o normal, condições que impediram a regeneração das geleiras. 

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicado no ano passado, o derretimento do gelo e da neve é uma das dez principais ameaças do aquecimento global.

Outro estudo, publicado em janeiro na revista Science, revela que metade das geleiras da Terra está condenada a desaparecer até o fim do século se o aumento das temperaturas for limitado a 1,5.°C em comparação com o período pré-industrial - o período mais ambicioso do acordo climático de Paris.

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