Carreira política de Marina começou no movimento seringalista dos anos 80

Publicado em 20/08/2014 - 21:39 Por Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil* - Brasília

ex-senadora Marina Silva

O primeiro cargo público eletivo de Marina Silva foi como vereadora de Rio Branco, em 1988Antonio Cruz/Agência Brasil

Nascida na cidade de Breu Velho, no Acre, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva teve o início de sua vida política profundamente ligado ao movimento seringalista da década de 80. Filha de seringueiros e nascida Maria Osmarina Silva de Souza, Marina aprendeu a ler e escrever apenas aos 16 anos, pelo Mobral, programa de alfabetização do governo militar na década de 70.

Depois disso, cursou história na Universidade Federal do Acre e se especializou em teoria psicanalítica, psicopedagogia e metodologia em ciências contábeis, todas pela Universidade de Brasília.

Ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT) no Acre. Seu primeiro cargo público eletivo foi como vereadora de Rio Branco, em 1988. Elegeu-se deputada estadual em 1990 e senadora em 1994, aos 36 anos, a mais jovem eleita, até então. Foi reeleita em 2002, mas afastou-se em 2003 para assumir o Ministério do Meio Ambiente no governo Lula.

Foi ministra até 2008, quando deixou a pasta após divergências com outros membros do governo. No ano seguinte, Marina desfiliou-se do PT e passou a compor o Partido Verde (PV), pelo qual se candidatou à Presidência da República em 2010. Ao fim do primeiro turno, a candidata teve cerca de 20 milhões de votos, e ficou em terceiro lugar.

Marina ficou no PV até 2011, quando se desfiliou para iniciar o processo de criação de uma legenda. Em 2013, ela anunciou que, junto com outros correligionários, tinha alcançado o número necessário de assinaturas para criar a Rede Sustentabilidade. No entanto, uma parte das assinaturas foi invalidada pelos cartórios eleitorais e o registro do partido foi negado pela Justiça Eleitoral.

Em outubro do mesmo ano, convidada por Eduardo Campos para compor uma chapa à Presidência da República no próximo pleito, Marina filiou-se ao PSB e passou a ser candidata à Vice-Presidência. Com a morte de Campos em um acidente aéreo, a pouco mais de 50 dias das eleições, Marina Silva foi escolhida pelo PSB para disputar a Presidência da República, tendo como vice o deputado Beto Albuquerque (RS). 

O programa de governo de Marina foi dividido em seis eixos prioritários e foi dedicado a Eduardo Campos. No cenário administrativo, a presidenciável garante que vai concluir as reformas estruturais que estão “estagnadas”. No que se refere à reforma política, Marina defende o fim da reeleição, mandatos de cinco anos, candidaturas avulsas para cargos proporcionais e novos critérios para definir o tempo de propaganda política no rádio e na televisão. Na gestão da máquina, a proposta enaltece modelos de concessão e parcerias público-privadas como mecanismos de redução de gastos públicos e a adoção de políticas de promoção de funcionários públicos por desempenho, produtividade e mérito.

A candidata propõe o aumento de 23,5% para 25,5% da parcela de recursos transferidos para os municípios via Fundo de Participação Municipal (FPM) desde que as administrações locais se comprometam a investir parte do dinheiro em transporte coletivo e no custeio do passe livre.

Em relação à política externa, a ambientalista defende uma renovação do Mercosul e o “combate à estagnação do bloco”, com o Brasil na liderança. A candidata reconhece, entretanto, a necessidade de outras alianças. “O Brasil não pode correr o risco de ficar à margem dos fluxos de comércio tecnologicamente mais avançados”, destaca.

Marina Silva promete aprofundar a participação social nas decisões do Estado e aumentar o acesso à Justiça, incentivando a criação de juizados itinerantes nas regiões mais distantes dos centros urbanos.

“Não relativizaremos princípios e valores que norteiam a defesa dos direitos humanos em função de interesses econômicos ou ideológicos”, destaca o projeto da coligação. Entre as promessas estão ainda a ampliação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), reforçando o combate à exploração sexual e ao tráfico de drogas, e a regulamentação de medidas como o confisco de bens em propriedades onde é flagrado trabalho escravo.

 

* A matéria foi ampliada às 15h do dia 4 de setembro para inclusão dos pontos referentes ao programa de governo da candidata

Edição: Fábio Massalli

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