Neste sábado, 8 de fevereiro, completa um ano do incêndio que destruiu o alojamento da divisão de base do Flamengo, deixando 10 atletas mortos e três feridos. Além de marcar o primeiro ano da maior tragédia da história do clube, o mês encerra o prazo para a conclusão do inquérito policial e a responsabilização dos envolvidos.
De acordo com a perícia, o fogo foi provocado por curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado, instalado no contêiner onde os jovens dormiam.
A primeira versão, liberada pela Polícia Civil, determinava o indiciamento de oito pessoas por homicídio doloso, ou seja, quando se assume o risco de provocar a morte.
Após o pedido de novos esclarecimentos, a versão final do documento é aguardada pelo Ministério Público do Estado do Rio, e especialmente, pelos familiares das vítimas. Com a demora, parte dessas famílias desistiu de esperar o resultado das investigações para pedir reparação na justiça, como revela a advogada Paula Wolff, que representa a mãe de Jorge Eduardo, que vestia a camisa 5 e atuava como volante no time.
Ainda em fevereiro do ano passado, a Defensoria e o MP do Rio chegaram a elaborar um modelo coletivo de indenização, estipulando valores. O clube, no entanto, recusou a proposta, e partiu para a negociação individual. O defensor público Eduardo Chow, que participou dos encontros, conta que, logo no início, o Flamengo se mostrou disposto a ajudar, mas mudou de postura.
Doze meses após o fogo consumir o CT, conhecido como Ninho do Urubu, na zona oeste carioca, o Flamengo chegou ao acordo de indenização com os sobreviventes e apenas três famílias das vítimas fatais, além do pai de um dos garotos mortos. Em uma entrevista publicada no último sábado em um canal oficial do Flamengo, dirigentes afirmaram reconhecer a responsabilidade do Clube no ocorrido.
Respondendo a perguntas previamente selecionadas, eles disseram que o valor acertado nos quatro acordos já firmados é o teto, como destacou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim.
O vice geral e jurídico do rubro negro, Rodrigo Dunshee, complementou que os valores acertados estão acima dos concedidos pela justiça brasileira, e não levaram em conta a estatística que calcula o percentual dos meninos da categoria de base que chegam ao time profissional.
Christiano Esmério, pai do goleiro Christian, que tinha 15 anos, questiona essa estatística. Ele conta que o filho estava prestes a assinar seu primeiro contrato profissional e cobra respostas. Sobre o primeiro ano sem o convívio do filho, Christiano afirma que será como todos os próximos: de muita saudade.