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Maraca 70 Anos: o estádio que já foi palco de alegrias e decepções para o futebol brasileiro

Maraca 70 Anos
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Maurício Costa
16/06/2020 - 14:24
Rio de Janeiro

[BG] “Córner contra o Uruguai no último instante da luta. Terminou o tempo pelo meu Omega e vai agora um córner contra o Uruguai. Há descontos ainda. Cobrou Friaça, cabeceou Jair... marcou o juiz, entretanto, o final da peleja. Terminou o jogo com a vitória do Uruguai. Uruguaios campeões mundiais de futebol de 1950, reconquistando o título que haviam obtido em 1930 e perdido depois para a Itália. Desolação natural da torcida aqui no Estádio do Maracanã”.

 

Assim nasceu a primeira derrota do Brasil no Maracanã, na voz de Antônio Cordeiro, pelas ondas da Rádio Nacional. Muitos torcedores até hoje entendem que o Maracanazo jamais foi superado, deixando ao “Maior do Mundo” a marca eterna da tragédia.

 

Injustiça. Aos 70 anos, o Maracanã merece o reconhecimento por ter sido palco de grandes conquistas internacionais por brasileiros. Clubes e seleções mostraram, ao longo da história, que o estádio é sinônimo de vitória.

 

A começar pelo Santos. Primeiro em 1962, ao derrotar o Benfica, no Rio de Janeiro, por 3 a 2, no jogo de ida da final do Mundial Interclubes – o título acabou sendo confirmado em Lisboa, com uma goleada de 5 a 2 dos Encarnados. Teria o Maracanã se livrado da maldição? Em 1963, tudo se encaminhava para mais uma decepção. Final do Mundial e o Milan, da Itália, jogava pelo empate e vencia por 2 a 0. Sem Pelé, Zito e Calvet, o título mundial estava praticamente na mão dos Rossoneros. Na volta do intervalo, o tempo fechou e o céu limpo deu lugar a um dilúvio. E o Santos virou: 4 a 2, com gols de Pepe, Almir Pernambuquinho e Lima. No jogo-desempate, de novo no Maracanã, Dalmo, de pênalti, fez o único gol da partida.

 

Em seu canal no Youtube, Pepe explicou sua relação com o Maracanã.

 

Sonora: “A minha história cresceu nos jogos contra o Milan, no Maracanã. Eu joguei, digamos, umas 300 partidas na Vila Belmiro e umas 20 no Maracanã. Logicamente eu preferia jogar na Vila, mas escolhemos o Rio de Janeiro para enfrentar o Milán, como havíamos escolhido para enfrentar o Benfica no ano anterior. Os cariocas adoravam o Santos Futebol Clube e lotaram o Maracanã para nos ajudar nestas duas conquistas inesquecíveis.”

 

Em 2000, o Corinthians também conquistou seu Mundial no Maracanã. A situação era bem diferente da do Santos, pois jogava fora de casa, mas contra o Vasco, time brasileiro que conseguiu segurar o ímpeto da dupla Romário-Edmundo e, nos pênaltis, após cobrança para fora de Edmundo, o Timão ergueu a taça.

 

E a Seleção Brasileira? Superou 1950? No mesmo 16 de julho que Gighia calou o Maracanã, Romário fez o estádio explodir contra a Celeste 30 anos depis, em 1989. Final da Copa América O time do contestado técnico Sebastião Lazaroni parecia ter dado fim ao fantasma do Maracanazo, como o “capitão” Ricardo Gomes, logo após o apito final, desabafou em entrevista ao repórter Tino Marcos, da Rede Globo.

 

Sonora: “É um presente para o pessoal do passado e esperança para a torcida de agora. É uma satisfação trabalhar com esse grupo maravilhoso. Saímos de um clima totalmente adverso, mas com muita união se apresentou uma seleção vitoriosa que vai dar muita coisa para a torcida.”

 

Ricardo Gomes estava certo. A Seleção de 1989 foi a base da conquista do tetracampeonato mundial, em 1994, nos Estados Unidos. E por falar nos EUA, como esquecer o Pan-Americano de 2007 e a goleada de 5 a 0 da Seleção Brasileira Feminina sobre as norte-americanas?

 

A derrota na final dos Jogos Olímpicos de Atenas estava entalada na garganta. Mais de 70 mil torcedores lotaram o Maracanã para ver o show com dois gols de Marta, outros dois de Cristiane e mais um de Daniela Alves. Daniela relembra a emoção em depoimento à CBF TV.

 

Sonora: “Eu lembro e sempre vou lembrar de todos os detalhes. Em uma quinta-feira, ao meio-dia, mais de 70 mil pessoas no Maracanã. É marcante. Eu tenho uma foto com o estádio lotado. E a gente ficava uma chamando a outra durante o jogo, ficamos impressionadas com o estádio lotado e fazendo a ‘ôla’. Só pra nós. Não tinha o masculino, depois ou antes da gente. Só éramos nós naquela final, e as pessoas foram lá prestigiar. Dentro de casa a final e no Maracanã, um estádio enorme. Foi marcante pra sempre”.

 

Ainda em 2007, a Seleção Brasileira Feminina fez história com a segunda colocação na Copa do Mundo da China, eliminando os Estados Unidos na semifinal com outra goleada, 4 a 0. Na final, derrota para a Alemanha por 2 a 0.

 

Aliás, precisamos falar sobre a Alemanha. A Seleção Brasileira chegou embalada na Copa do Mundo de 2014 pelo título da Copa das Confederações de 2013, no Maracanã. Só que no Mundial, o time de Felipão nem pôs os pés no Maraca. Sofreu o maior vexame da história do futebol brasileiro no 7 a 1, aplicado pelos alemães no Mineirão. Na final disputada no Maior do Mundo, a Alemanha venceu a Argentina por 1 a 0 na prorrogação e levantou sua quarta taça.

 

O Maracanã tentou amenizar a dor dos brasileiros dois anos mais tarde, no reencontro com a torcida em uma nova decisão. Agora, por um título inédito: o dos Jogos Olímpicos. Mais uma vez, o Templo do Futebol estava lotado para ver uma seleção desacreditada, com resultados ruins no início do torneio. Depois do empate de 1 a 1 com a Alemanha no tempo normal e na prorrogação, finalmente veio a sonhada medalha: gol de Neymar, de pênalti, vitória do Brasil por 5 a 4.

 

Nossas vitórias no Maracanã, como a Copa América de 2019, não vão acabar. E o estádio sempre vai estar de braços abertos para os brasileiros. Que venha a próxima taça!

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