Doação de 500 peças sagradas para Museu da República é oficializada
A doação das mais de 500 peças sagradas de religiões de matriz africana do Museu da Polícia do Estado do Rio de Janeiro para o Museu da República, na capital fluminense, finalmente será oficializada.
A assinatura do termo de cessão definitiva acontece neste sábado, na sede do Ilê Omolu Oxum, uma das Casas de Axé mais tradicionais do Brasil e sede do Museu Memorial Iyá Davina, primeiro museu dedicado às comunidades tradicionais de terreiros do estado.
Os mais de 500 objetos religiosos foram apreendidos pela polícia fluminense entre 1889 e 1945.
As peças eram capturadas durante invasões violentas por parte do estado, principalmente nas primeiras décadas da República, entre os anos de 1920 e 1930. Ainda que a Carta Constitucional de 1891 já estabelecesse no Brasil o Estado laico e a liberdade de crença e culto.
O acervo permaneceu apreendido por quase um século no Museu da Polícia. As peças foram transferidas ano passado para sua nova casa, após longa campanha do movimento Liberte Nosso Sagrado e atuação do Ministério Público do Rio.
Uma das lideranças do movimento, Tata Roberto Braga, disse que essa é a finalização de uma luta ancestral.
Para o diretor do Museu da República, Mauro Chagas, a data marca o início de uma nova fase. Mauro Chagas ressalta ainda a relevância do acervo no combate ao racismo religioso.
Atualmente os objetos estão acondicionados na reserva técnica do Museu da República, onde estão sendo catalogados e documentados.
Muitas coleções e peças devem receber novos nomes, já que tinham ganhado denominações racistas ou com termos depreciativos.