Irmandades negras contra a escravidão são tema de mostra em SP

Publicado em 08/10/2021 - 18:18 Por Eliane Gonçalves - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo

Há pouco mais de um mês do Dia da Consciência Negra, a cultura negra entra na programação cultural da capital paulista. No Museu Casa Mário de Andrade, ao longo do mês vai ser possível conhecer um pouco mais sobre as irmandades negras.

As irmandades são associações que surgiram ainda nos tempos do Brasil Colônia. Grupos formados por mulheres e homens pretos para organizar festas e rituais católicos mas com os pés fincados nas tradições africanas, como as missas celebradas ainda hoje na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha, na Zona Leste de São Paulo.

Os santos de pele escura marcam o território dessa tradição: São Benedito, Nossa Senhora da Aparecida, São Elesbão de Axum.

A professora da Universidade Mackenzie Antonia Aparecida Quintão explica que as irmandades surgiram primeiro para cuidar dos funerais do povo negro, passaram a organizar as festas religiosas e no final faziam muito mais. Segundo ela, não há estatuto de alguma irmandade que fale sobre as pessoas negras presas, mas, que algumas atas das reuniões mostram que as visitas nas prisões eram parte das tarefas das irmandades.

Ainda hoje as irmandades seguem ativas, com uma presença marcante de mulheres que ajudaram a construir redes de solidariedade durante a pandemia de coronavírus. Antonia explica que essa construção certamente envolve mulheres negra que estão na luta pela sobrevivência de suas famílias.

Antonia Quintão é uma das palestrantes de um curso que vai ser online e qualquer pessoa pode participar para isso basta se inscrever no site: casamariodeandrade.org.br.

Já o Museu Casa Guilherme de Almeida traz para o centro do debate a escrita do patrono da literatura brasileira, Machado de Assis. O filho de uma lavadeira, escrava liberta, que nasceu em 1939, e revolucionou a literatura enquanto narrava os dilemas de um país que deixava a monarquia para trás enquanto se reconhecia como uma república que, ainda hoje, tem dificuldade de abrir mão do trabalho escravo.

Foi no cotidiano da linguagem jornalística que Machado produziu sua escrita e é essa a história que o professor Jaison Crestani vai abordar no curso “Contos de Machado de Assis: entre o jornal e o livro”.

O curso também é online e as inscrições podem feitas no site: www.casaguilhermedealmeida.org.br

Tanto o curso sobre Machado de Assis como o das irmandades negras são promovidos pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado. A primeira aula do curso de irmandade começou nesta quinta-feira (07).

Edição: Roberto Marques Piza / Guilherme Strozi

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