O Brasil tem um novo patrimônio cultural. É o repente.
Mais que uma tradição, essa manifestação cultural é uma referência para a identidade da região Nordeste. A arte que mistura música e improviso foi reconhecida, nesta quinta-feira, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, durante a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Este colegiado é vinculado ao Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Tassos Lycurgo, afirma que este reconhecimento é muito mais do que um título.
Os primeiros registros históricos do repente são por volta de 1850, nos estados de Pernambuco e Paraíba.
O pedido de reconhecimento do repente como patrimônio foi feito em 2013 pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno. O processo é longo, porque o Iphan precisa descrever detalhadamente o bem que pode se tornar patrimônio, reunir toda a documentação possível e fazer o registro audiovisual. Isso tudo forma um dossiê que, para o registro do repente, foi produzido em parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília.
Além de ser uma manifestação cultural tipicamente nordestina, Tassos Lycurgo ressaltou que o reconhecimento do repente como patrimônio vai muito além dos limites do Nordeste. O repente influencia outras regiões do pais.
Em alguns lugares, o repente também é chamado de cantoria. E tem três fundamentos misturados: o verso, a rima e a fala. De acordo com o dossiê do registro, pelo menos 200 artistas e associações pelo país mantêm viva essa tradição. Entre eles, a dupla Caju e Castanha, que popularizou o repente em shows por todo o país.
Além de conceder ao repente o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o Conselho Consultivo também revalidou os títulos de Patrimônio Cultural do Círio de Nazaré, no Pará; do modo artesanal de fazer queijo minas, de Minas Gerais; e do modo de fazer renda irlandesa, de Sergipe.
*com produção de Michelle Moreira
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