Já se passaram quase 20 anos e só agora mais de 600 itens indígenas que estavam de forma irregular na França poderão ser devolvidos ao Brasil. As peças, muitas delas raras e únicas, ficaram pelo menos 15 anos no Museu de História Natural de Lille, só que deveriam ter retornado em 2009, de acordo com o governo brasileiro.
Como a legislação brasileira impede que peças com partes de animais silvestres sejam levadas para fora do país, o Museu de Lille comprou o material e doou para o Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Em troca, a instituição brasileira autorizou o empréstimo por até dez anos. Mas, em 2014, a procuradoria do Rio de Janeiro teve que abrir um inquérito civil sobre o caso.
Segundo o Ministério Público Federal, o acordo assinado entre o governo brasileiro e a prefeitura de Lille previa que os custos para devolução das obras seriam arcados pela França.
No fim, o Museu do Índio contratou uma empresa para o transporte de volta, já que os europeus ainda se recusavam a arcar com os custos.
Na lista de 611 objetos de 39 povos indígenas, a maioria do Brasil Central, estão troncos de madeira usados pelos Kamaiurá, do Xingu, durante o Kuarup, que é o ritual de despedida dos mortos. Outro item que chama a atenção é a Máscara Cara-Grande dos Tapirapé, usada no ritual mais tradicional desse povo.
O Museu do Índio informou que a coleção tem valor inestimável por guardar parte da memória de povos originários brasileiros.