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Cultura

Entrevista: MV Bill celebra hip hop e fala de novos trabalhos

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Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional
11/08/2023 - 13:14
Rio de Janeiro

Rapper, escritor, cineasta, ativista. Com uma trajetória versátil, MV Bill celebra os 50 anos de hip hop e comenta novidades de sua carreira.

Para ele, ainda existem muitos desafios para o movimento cultural, mas há muito o que se comemorar. Ouça na entrevista.

“Acho que ainda tem muitos desafios pela frente, mas os avanços que a gente também já conseguiu são inegáveis. Então, nesses 50 anos, a gente tem mais para celebrar e comemorar do que para refletir e reclamar.”

Carolina Pessoa: Uma iniciativa que pode ajudar no movimento é a instituição do Dia do Hip Hop e a Semana de Valorização da Cultura Hip Hop. Como você avalia essas medidas?

MV Bill: Eu acho legal ter o reconhecimento, mas não é necessariamente o que vai trazer o nosso crescimento. Acho que quando nós mesmos nos reconhecermos como agentes importantes, isso vai trazer um diferencial grande. É importante ter o reconhecimento governamental, ter um dia instituído e tal, mas acho que essa cultura se vivencia todos os dias e tem muitas coisas que já acontecem de forma independente. Então, foco na independência.

Carolina Pessoa: Fala um pouquinho sobre o seu novo álbum, Dr. Drill. Como está sendo a receptividade?

MV Bill: Foi muito boa na época do lançamento.. Eu falo do lançamento, parece que foi há dois anos, mas estou falando deste ano ainda. As coisas estão passando muito rápido a cada lançamento. Foi muito bom fazer um disco como esse, um EP, no caso. Consegui fazer videoclipes de todas as músicas. Trabalhei bastante o audiovisual, trouxe uma linguagem nova para os videoclipes. Trabalhei bastante com VisualLive também, que é uma outra forma de fazer videoclipe, então foi bem satisfatório. Gostei muito do resultado e fiquei feliz.

Carolina Pessoa: Como está a receptividade também do seu livro, que foi lançado no ano passado, mas que, podemos dizer, ainda sendo lançado, certo?

MV Bill: Sim, ainda está no começo. Foi muito bem recepcionado, as pessoas aderiram, mas acho que ainda posso fazer chegar a mais pessoas, tendo em vista que um livro às vezes leva quatro, cinco anos para poder chegar em todo mundo que tem que chegar. É um trabalho contínuo. Não perde a validade também, um livro nunca fica defasado, sempre é algo novo para alguém.

Carolina Pessoa: Você acredita que sua experiência como rapper influenciou no seu estilo como escritor? Uma coisa alimenta a outra?

MV Bill: Totalmente. Se eu não tivesse escrito primeiro meus raps, não teria a capacidade nem a habilidade para poder elaborar um livro. A primeira escola foi fazendo rap, foi na verdade um complemento para poder fazer um livro. No livro eu posso ser muito mais aprofundado do que numa letra de rap. Às vezes uma letra de rap me dá limitação por conta do tempo da música, da estrofe, do refrão. Já no livro não, eu posso contar a mesma história só que de uma forma muito mais aprofundada, muito mais detalhista. Uma cosia acaba complementando a outra.

Carolina Pessoa: Voltando um pouco para o hip hop... Uma boa notícia: o break vai estrear como competição olímpica em Paris, em 2024. Para você, qual é a importância disso?

MV Bill: Acho que vai dar visibilidade para um dos elementos do hip hop que menos aparece, que menos tem reconhecimento, na minha opinião. A gente não vai, lógico, influenciar quem continua fazendo as danças na rua, que foi onde nasceu, quem faz as oficinas ensinando outras pessoas a também desenvolver a dança break, mas, no geral, assim como eu vejo com o skate, que se transformou num esporte olímpico, o break dance vai ganhar visibilidade, até na questão social também vai ser importante.          

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