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Cultura

Podcast: Ep 5-Rincon Sapiência e o empoderamento de jovens periféricos

Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop
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Akemi Nitahara e Daniel Mello
28/12/2023 - 07:15
Rio de Janeiro
Arte Rincon Sapiência - Hip Hop 50 anos
© Arte sobre foto de Rovena Rosa/Agência Brasil

O rapper Rincon Sapiência ainda trabalhava em telemarketing quando lançou, em 2009, o single Elegância. Com o sucesso, decidiu abandonar os trabalhos formais e focar na carreira musical. Sem sair da quebrada, no caso a Cohab 1, ele é um dos que leva as tendências das periferias para o centro das atenções. 

Ao mesmo tempo e sem deixar de lado o trabalho autoral, o rapper Rincon Sapiência tem se dedicado a apoiar jovens talentos da zona leste paulistana, onde nasceu e cresceu. Essa forma de construção, com ajuda mútua, esforço e criatividade, apesar das situações nem sempre favoráveis, é também, segundo Rincon, parte do Hip Hop. 

"Então, eu acho que o momento do rap é a quebrada. Você possa falar “pô, mas eu fui para tal evento, tinha o pessoal de uma outra classe social.” Ok, assim, mas a base, quem indica as tendências, o estilo de produção, a gira do momento, o que está sendo feito, são os artistas, né, da quebrada. Então, o fato de eu estar próximo da quebrada, onde eu sou nascido e criado, e, naturalmente, já é minha natureza, né, e também próximo de outros artistas, tem feito eu conseguir me renovar muito, eu conseguir me manter conectado, né, com o que está acontecendo. É o que está me fazendo continuar produtivo também. Então, eu diria que meu trabalho não funciona se eu não estiver conectado com a quebrada."

Rincon explica que qualquer movimento cultural vai mudando de acordo com a sociedade. No início a ideia principal da cultura Hip Hop era a pluralidade. Então, ele começa com os pretos, com a música preta, com a influência do sound system da Jamaica. Ou seja, uma cultura preta, mas, pelo fato de estar na quebrada, contemplou os latinos, até porque a vida do imigrante fora do seu país sempre foi uma luta também. 

"Então, ele sempre contemplou aqueles menos ouvidos, né, menos representados. E eu acho que nos dias de hoje esse recorte tá também dentro do LGBT, dos indígenas, né. Então, eu acho que o Hip Hop precisa ser um suporte também pra essas pessoas. Eu acho necessário."

Clique no player acima e ouça a entrevista completa. 

Você pode conferir, no menu abaixo, a transcrição do episódio, a tradução em Libras e ouvir o podcast no Spotify, além de checar toda a equipe que fez esse conteúdo chegar até você.

EPISÓDIO 5 – Rincon Sapiência

Sobe som 🎶  

Vinheta: Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop 

Rincon Sapiência: Para além do que é determinado como quatro elementos, ser Hip Hop é você empreender, você ajudar seu parceiro, você fazer alguma coisa pela sua quebrada, você trazer a autoestima, é você se empoderar de alguma forma. Então, tem vários detalhes que é Hip Hop, né. 

Sobe som 🎶  Elegância

“Sem deselegância, moro na distância 

Periferia a vigilância é notória 

Preto informado é sempre perigoso 

Preto bem trajado, elegante, charmoso 

Pago pouco pelos panos mas sou vaidoso 

Pago muito se eu deixar de ser malicioso” 

Cai a BG  🎶 

 Daniel Mello: Sem deixar de lado o trabalho autoral, o rapper Rincon Sapiência tem se dedicado a apoiar jovens talentos da zona leste paulistana, onde nasceu e cresceu. Essa forma de construção, com ajuda mútua, esforço e criatividade, apesar das situações nem sempre favoráveis, é também, segundo Rincon, parte do Hip Hop. 

Ele ainda trabalhava em telemarketing quando lançou, em 2009, o single Elegância. Com o sucesso, decidiu abandonar os trabalhos formais e focar na carreira musical. Sem sair da quebrada, no caso a Cohab 1, Rincon Sapiência é um dos que leva as tendências das periferias para o centro das atenções. 

 Então, a ideia de fazer acontecer por você mesmo é Hip Hop. De você crescer e trazer alguém pra perto de você, isso é Hip Hop também, assim. Então, se você pegar desde o início, sempre tem alguém que puxou a primeira festa, tem alguém que levou o material de tal artista para uma determinada gravadora e conseguiram lançar. Então, se você pegar as minúcias mesmo da história mesmo, da cultura, assim, sempre tem alguém agindo, empreendendo, fazendo acontecer, sabe. A ideia Hip Hop é muito importante para o jovem de periferia. 

Sobe som 🎶   

Daniel Mello: Se você vê o Hip Hop também como uma maneira de abrir possibilidades para juventude periférica, abrir horizontes? 

Rincon Sapiência: É uma forma de abrir possibilidades, sim. Porque é isso, o Hip Hop tem os quatro elementos - DJ, MC, o break, o grafite - mas eu acredito muito que o Hip Hop é uma ideia. Então, essa ideia do faça você mesmo. Eles não tinham, por exemplo, condição de montar uma banda com bateria, tudo. Eles pegavam trechos livres de alguma música, faziam esse trecho se repetir, usavam isso pra dançar, usavam isso pra cantar em cima. Não tinha um lugar pra expor seus quadros, sua arte, uma galeria. Eles iam pra rua, para o trem, grafitavam e tal, dançavam na rua. Então, a ideia de fazer acontecer por você mesmo é Hip Hop. De você crescer e trazer alguém pra perto de você, isso é Hip Hop também, assim. Então, se você pegar desde o início, sempre tem alguém que puxou a primeira festa, tem alguém que levou o material de tal artista para uma determinada gravadora e conseguiram lançar. Então, se você pegar as minúcias mesmo da história mesmo, da cultura, assim, sempre tem alguém agindo, empreendendo, fazendo acontecer, sabe. A ideia Hip Hop é muito importante para o jovem de periferia. 

Daniel Mello: Quando você decide financiar e apoiar esses jovens, você pensa em apoios que você teve no passado? Você acha que teve figuras que foram importantes pra você no passado, pra você chegar onde você chegou hoje? 

Rincon Sapiência: Eu tive figuras inspiradoras. Desde pessoas que eu não conheço, como Xis, Racionais, Consciência Humana, o De Menos Crime, o Sistema Negro, que me inspiravam muito, até grupos da região, o Raciocínio Negro, o De Olho no Crime, Contra o Sistema, o Mentes Criminais, o Código 44, o Facção X, muito grupo aqui da região, que, eu muito novo, eles já mais velhos, fazendo as coisas me inspiraram muito. Mas, de toda forma, para eu ter acesso a computadores, produção musical e várias coisas, eu sempre tinha que sair da quebrada, ir até um amigo na zona norte, no centro ou em outra região, que não fosse a Cohab 1. Então, quando eu vejo vários artistas da Cohab 1, muito bons, talentosos, o que que eu penso? Que eu posso dar oportunidade para eles terem o melhor deles, mas sem precisar sair e ir lá para não sei aonde para fazer a parada deles. Assim, eu acho que a gente pode concentrar por aqui mesmo e continuar fazendo as coisas. Isso é uma oportunidade que eu não tive. De, tipo, sair andando de casa e ir para um estúdio no qual eu possa produzir, gravar, passar minhas vozes, isso aí eu não tinha condição. Aí a gente tem o nosso QG, que é aqui próximo também, e os moleques ficam lá direto, produzindo, gravando, estão com a mente fresca, então, o ritmo deles de produção é incrível, assim, de fazer música toda semana. Toda hora mandando no WhatsApp, ó, escuta essa, toda hora sai coisa nova e eu fico feliz por isso, assim, né. Eu acho que é um trabalho de formiguinha, ainda não somos aquela produtora com um aporte enorme, mas a gente se vê com o recurso de poder proporcionar a parte artística, pelo menos, que é de eles gravarem, rodarem o videoclipe, colocarem as paradas na rua. Então, muito em breve, a gente vai estar colocando na rua e apresentando o trabalho deles por aí. 

Daniel Mello:  Hoje a crítica social ainda tem lugar no rap contemporâneo? 

Rincon Sapiência: Eu acho que a sociedade contemporânea em si se dispõe menos a falar sobre. E talvez a ideia social, hoje em dia, ela é aplicada de uma forma diferente do que era aplicada antes. Eu acredito que tenha espaço, sim, desde que você consiga estabelecer um contato, um diálogo, né, com as pessoas. O que eu penso é que alguns discursos, da forma que era feita anos atrás, para se comunicar com os jovens hoje em dia, é um pouco diferente. Então, eu acho que achando essa veia de falar com os jovens, de estabelecer um contato, uma comunicação com eles, acho que é possível. Acho que também essa manifestação social talvez ela já esteja acontecendo, mas com outros discursos, com uma outra forma de rebeldia, vamos dizer assim, de outras maneiras. Mas eu acredito que há espaço, sim, à crítica social, a trazer informação para as pessoas, mas desde que essa informação seja levada de fato às pessoas, que não seja algo que pareça que você quer impor algo, que você quer, que soe moralista, né. Que às vezes, se a gente não toma cuidado, parece que você é o pai chato, né, aquele cara, não, isso aí não, não sei o que e tal. Então, tem que saber conversar com os jovens e com as pessoas no geral, né. 

Daniel Mello:  Em Ponta de Lança, você canta que “a depender de mim, a cultura MC ainda vive”. Eu queria saber como é que você entrou nessa cultura, que MCs que te influenciaram para ser um mestre de cerimônia? 

Rincon Sapiência: Eu me conectei com a cultura Hip Hop desde criança, por conta do meu irmão mais velho, que sempre ouvia rap, a cultura que tem os quatro elementos, e eu meio que me apaixonei pelos quatro elementos. O DJ era um pouco mais difícil, por conta de equipamentos e esse tipo de coisa. Mas, eu fazia grafite, tentava dançar break e principalmente gostava de compor, de escrever, né. Foi a parte que eu mais consegui me desenvolver também. O rapper que me influenciou inclusive a dar carreira de MC foi o Xis, meados de 99, por conta do disco dele Seja como For. Na época ele tinha lançado a música De Esquina, que já tinha feito minha cabeça. Eu amava essa música, amo, né. E aí quando saiu o disco, eu adorei mais ainda, aí saiu o videoclipe com imagens na minha quebrada, na Cohab – 1, aí eu gostei muito. Os Racionais também, obviamente, formaram muito o nosso caráter, a gente que é de quebrada, assim, né. Mas, quando eu ouvia os Racionais eu sentia uma certa distância do que eles falavam, da profundidade, com a minha idade, que eu tinha 15 anos e tudo mais. Então, o Xis foi o cara que eu consegui visualizar que eu poderia fazer rap, falar de outras coisas, de outras formas diferentes e por aí foi. E quando eu falo da cultura do MC, é de valorizar o mestre de cerimônia, aquele que tenta dar seu melhor, apresentar técnicas de rima, que quer botar pra quebrar em cima do palco, que gosta de interagir com o público, que se movimenta, que chama atenção exercendo a função de MC, né. 

Daniel Mello:  As batalhas tiveram papel também na sua formação? 

Rincon Sapiência: Eu peguei muito o freestyle, mas não necessariamente batalhas. Era um momento onde a gente fazia sessões de freestyle, principalmente no centro de São Paulo, meados talvez 2003, 4, quando tinha, na Galeria Olido, a banda Central Acústica, era uma banda de três integrantes, bateria, guitarra, baixo. E aí o MC era o Kamal e ele, aleatoriamente, convidava pessoas, pra você cantar um trecho de algumas rimas. Era livre, na verdade. E eu estava sempre lá, as quintas-feiras, e eu me destacava fazendo freestyle. A partir disso eu me conectei com muita gente, eu lembro quando o KL Jay apertou a minha mão e falou que eu mandava bem. Eu lembro os detalhes mínimos assim, de eu construindo tijolinho por tijolinho, né. Lógico que eu já cantava antes disso, mas essa época foi uma época que eu consegui aparecer, né, que a gente não tinha condição de gravar, então fazer freestyle era uma forma de a gente aparecer, porque você não precisava ter uma gravação, era uma forma de a gente performar, cantar e conseguir mostrar o trabalho, né. Com a crescente das batalhas, né, que logo em seguida veio o período da Santa Cruz, o Emicida, que se destacou muito, entre outros rappers também. Essa fase talvez seja o momento onde está mais efervescido essa ideia de batalhas. E eu apoio muito, porque imagino que, para muita gente dessa época, foi uma forma de ter o seu primeiro contato com o rap, de poder cantar e também de poder assistir. Porque é algo na rua, é algo que é na voz ali, é só você colar, trombar a rapaziada, aquela coisa toda assim. Eu sou um cara que, por mais que não tenha o hábito de frequentar, apoio muito essa ideia das batalhas e acho que é muito necessário pra cultura. 

Daniel Mello: Você falou dessa questão de você estar ali na Olido, que é no Centro de São Paulo, perto de outros marcos do Hip Hop, como a 24 de Maio, São Bento, né, que têm importância histórica na cultura Hip Hop da cidade de São Paulo. Mas você também falou que você sentia importância de falar da quebrada, de ver a quebrada representada na música. Como é que a quebrada está no seu trabalho, está nas suas canções? 

Rincon Sapiência: São períodos, né, porque esse período do início dos anos 2000 foi um período onde os grandes expoentes do rap, né, que a gente conhece, alguns grupos acabaram dando um tempo, ficaram um tempo sem lançar músicas. Então aqueles nomes de referência, que eram extremamente influentes nos anos 1990, nos anos 2000, tiveram essa virada. Então, o rap também se reformulou no que diz sentido à estética, ao discurso, e acabou mudando também a área de atuação, né, se tornou um movimento um pouco menor e acabou se concentrando no centro durante um período, né. Mas, com toda essa virada, assim, né, o rap acabou ganhando uma proporção que está desde o underground na rua até o grande mercado da música, né. Vide os artistas aí que alcançam números incríveis. Nesse processo, né, já faz alguns anos que a quebrada tá muito conectada, tá muito informada, tá acessando internet, tá tendo recursos também, né, de produção musical, de poder gravar e fazer as coisas. Então, eu acho que o momento do rap é a quebrada. Você possa falar “pô, mas eu fui para tal evento, tinha o pessoal de uma outra classe social.” Ok, assim, mas a base, quem indica as tendências, o estilo de produção, a gira do momento, o que está sendo feito, são os artistas, né, da quebrada. Então, o fato de eu estar próximo da quebrada, onde eu sou nascido e criado, e, naturalmente, já é minha natureza, né, e também próximo de outros artistas, tem feito eu conseguir me renovar muito, eu conseguir me manter conectado, né, com o que está acontecendo. É o que está me fazendo continuar produtivo também. Então, eu diria que meu trabalho não funciona se eu não estiver conectado com a quebrada. 

Daniel Mello:  A gente fala de quebrada, mas tem também a gente tem uma cena de rap indígena, gente produzindo a partir da temática LGBT, da sua própria realidade. Como é que você vê aí o rap e o Hip Hop nessa questão da pluralidade de vozes? 

Rincon Sapiência: Qualquer movimento cultural, ele começa de uma forma, mas ele muda de acordo com a sociedade, né. E a ideia principal, imagino eu, do início da cultura Hip Hop foi essa pluralidade, né. Então, ele começa com os pretos, com a música preta, com a influência do sound system da Jamaica. Aí que o DJ Kool Herc fez uma festa, né, que eles chamam de block party, é uma festa na rua. Então, é uma cultura preta, mas, pelo fato de estar na quebrada, acabou contemplando os latinos também, acabou contemplando que a vida do imigrante fora do seu país sempre é uma luta também, de alguma forma. Então, ele sempre contemplou aqueles menos ouvidos, né, menos representados. E eu acho que nos dias de hoje esse recorte tá também dentro do LGBT, dos indígenas, né. Então, eu acho que o Hip Hop precisa ser um suporte também pra essas pessoas. Eu acho necessário. 

Daniel Mello:  Em Elegância, que, junto com o clipe, foi um dos seus primeiros trabalhos a ganhar grande repercussão, né, você fala que “preto formado, sempre perigoso, pago pouco nos panos, mas sou vaidoso”. Isso de trazer autoestima pra juventude preta e periférica também é uma forma de enfrentar o racismo? 

Rincon Sapiência: Com certeza, né, porque o Hip Hop no início aqui no Brasil pegou muito nessa veia, que foi muito importante, inclusive, ele pegou muito essa veia social, muita influência dos movimentos pretos de fora do Brasil, do Black Panther. Aí tinha as bandas também que cantavam isso, Public Enemy e tudo mais. Mas parte dos signos do Hip Hop também envolve o comportamento, a atitude e a autoestima também, assim. Tanto é que você vai ver uma foto antiga, dos anos 1990, 1980, eles estão sempre posados, é sempre aquela marra, é sempre aquele estilo de roupa. Então, é sobre autoestima também, é sobre estética também. Não é somente isso, mas é sobre as correntes, o ouro, a postura, o jeito que dança, a marra, o jeito que posa, que anda, que se comporta. Então, trazer autoestima, fazendo Hip Hop, é você fazer Hip Hop, né. 

Daniel Mello: Vi que traz uma simbologia da religião afro-brasileira, qual papel ela tem no seu trabalho? 

Rincon Sapiência: Tem um papel forte, porque eu me adentro na religião de fato, como um filho, é muito recentemente. É de dois anos pra cá, na pandemia eu me torno filho mesmo. Antes eu era um estudante de livros, simpatizante. Mas, entendendo algumas coisas, né, ela já agia desde antes já, na minha cabeça, o meu orixá de cabeça, tudo isso já atuava na minha vida, na parte artística também, eu que desconhecia. Aí, conforme eu fui me adentrando, fui vendo a influência que tinha, né. 

Daniel Mello:  Quando você fala que desconhecia, você tem momentos assim que você sente que teve uma influência que você não tinha percebido e depois fez sentido, assim, é isso? 

Rincon Sapiência: Vários, desde, sei lá. Isso é de uma forma filosofal minha, assim, não é algo concreto, mas desde o nome Ponta de Lança, desde o que aconteceu com o Ponta de Lança, né, a fase que eu tava na minha vida, as coisas que tavam acontecendo, é, tipo tudo isso parece mágica assim. Tinha tudo pra dar errado. O jeito que ela foi lançada, o dia que ela foi lançada, a circunstância que foi lançada, tipo, só no YouTube, um horário X, assim, muito nada a ver, quase não saiu naquele dia. Só saiu no YouTube, não saiu nas plataforma digital, igual um lançamento acontece. A forma que o clipe foi rodado, o tempo que eu fiz a música, né, por mais complexa que ela parece, ela foi feita muito rápido, tipo a composição, a gravação. A cabeça que eu tava, pelo fato de não estar boa a fase, então eu tava com a cabeça voltada pra um monte de coisa. Aí aconteceu como num toque de mágica. Lógico que, né, tem trabalho envolvido, o meu empenho, tem tudo isso, assim, mas o jeito que aconteceu. Tipo assim, a música sai, aí você tá andando na rua, dá uma olhada no YouTube e tá os números. Aí você tá andando um pouco, ‘ah, deixa eu ver o que tá acontecendo’, aí já subiu 4 mil visualizações, sei lá. Aí você vai ver, você vai entender que virou um sucesso. Mas aí você tá duro, você tá vivendo, haha, entendeu? Foi tudo muito mágico, parecia mentira, tipo orgânico, foi tudo, parece que é algo que veio pra me salvar mesmo, que tava, tava dureza, hahaha. 

Sobe som 🎶  Ponta de Lança 

“Fica mais fácil fazer as tatoo e falar sobre a cor da erva que fuma 

Raiz africana, fiz aliança, ponta de lança Umbabarauma 

De um jeito ofensivo falando que isso é tipo macumba 

Espero que suma 

Música preta a gente assina, funk é filho do gueto, assuma 

Faço a trilha de quem vai dar dois e também faço a trilha de quem vai dar uma” 

 Sobe som 🎶  

Cai a BG  🎶  

 CRÉDITOS: 

Daniel Mello: Você ouviu o quinto episódio do Podcast Dos griôs da África para as periferias do mundo: 50 anos de Hip Hop. Uma produção da Radioagência Nacional. 

A reportagem, entrevistas e narração foram minhas, Daniel Mello. 

A produção foi de Sara Quines. 

Adaptação, edição, roteiro e montagem de Akemi Nitahara. 

A coordenação de processos é da Beatriz Arcoverde 

Sonoplastia: Jaílton Sodré 

Implementação na Web: Beatriz Arcoverde e Lincoln Araújo   

Interpretação em Libras: Jhonatas Narciso 

 Música tema da série: Rappers Delight, de Sugarhill Gang 

Neste episódio também utilizamos as músicas Elegância e Ponta de Lança, de Rincon Sapiência. 

Nossa próxima convidada é a grafiteira Soberana Ziza. A produção está disponível na Radioagência Nacional, nos tocadores de áudio e também com interpretação em Libras no YouTube. Até mais. 

 Sobe som 🎶  

 

 
Entrevistas e narração Daniel Mello
Adaptação, edição, roteiro e montagem Akemi Nitahara
Produção  Sara Quines
Coordenação de processos e edição  Beatriz Arcoverde
Sonoplastia: Jailton Sodré
Identidade visual e design: Caroline Ramos
Implementação na Web: Beatriz Arcoverde, Leyberson Pedrosa e Lincoln Araújo
Interpretação em Libras: Equipe EBC
   
   
   
   
   
   
   
   
   

Quer saber mais sobre o tema? Confira o Caminhos da Reportagem, produzido pela  TV Brasil e a série de entrevistas da Agência Brasil. 

 
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