Bairro de Salvador celebra São Pedro com "viúvas" e samba
A festa de São Pedro, em 29 de junho, é uma tradição do calendário católico em todo o país. Mas, em Salvador, ganha significados mais que especiais. Além das celebrações litúrgicas que acontecem na igreja matriz da cidade, há mais de três décadas o bairro de Sete de Abril, na periferia da capital baiana, realiza a festa das Viúvas de São Pedro.
Organizada pela Associação dos Moradores da Estrada Velha do Aeroporto (Socioeva), a festa já é uma tradição da comunidade, que passa de geração a geração. Segundo Ailton Sanches, presidente da associação do bairro, a festa começou de uma brincadeira, e hoje faz parte do calendário local.
“Essa reunião aconteceu lá atrás, na década de 90, né? Alguns músicos da região se reuniram, vestidos de mulheres. E aí faziam aquela algazarra bem bacana, saíam pelo bairro fantasiados, cantando música das antigas, entrando e saindo nas ruas, com batucadas. Começa bastante rústico, com balde, com panela, com alguns instrumentos de percussão. Agora temos uma banda que é chamada Banda Raiz, que faz esse percurso. Essa viúva, a cada ano, ela toma uma proporção gigante. No ano passado teve mais de 20 mil pessoas”.
Uma alvorada de fogos dá início ao cortejo, que percorre as principais ruas e encerra no final de linha do bairro.
“A festa foi feita na década de 90 por pessoas que hoje em dia já são idosos, e a gente faz questão de manter a tradição. A gente faz paradas pontuais nas casas das pessoas que faleceram”.
Edivanei Sanches, irmão de Ailton, é um dos fundadores da festa e também participa do Grupo Samba Raiz, que há anos embala o cortejo das viúvas por todo o bairro. Ele relembra como tudo começou.
A diretora financeira da Socioeva e uma das principais organizadoras da festa destaca que, além da alegria que o evento proporciona à comunidade, ele também é uma importante fonte de renda para os moradores locais.
“Tem pessoas que no dia das festas vendem R$ 5 mil de cerveja. E o mais importante de tudo é uma festa que não tem briga. Até o que se perde, se devolve e entrega no palco. E é uma festa que todo mundo participa. Quando a gente passa nas casas, o pessoal está esperando a gente, o cortejo, com alguma coisa para a gente, uma bebida, um suco. É mágico”.