Cerca de 50 pessoas continuam entrando diariamente no Brasil, por Brasileia, no Acre, em busca do visto humanitário para viverem no país. Desde o dia 15 de abril, quando o governo acreano fechou o abrigo da cidade, muitos estão ficando ao relento até obter a documentação emitida pela Polícia Federal. O atendimento acontece de segunda a sexta, até as 5 horas da tarde. E quem chega fora desse horário, precisa procurar alojamento, como explica o ex-coordenador do abrigo, Damião Borges.
"Como nós não temos mais abrigo aí já é responsabilidade deles. Eles procuram um hotel, ou ficam pela rodoviária. Eu tive esses dias na rodoviária de Epitaciolândia e vi uns tantos lá passando a noite. O certo mesmo seria que eles viessem no horário do expediente das 8 da manhã, às cinco da tarde, mas os taxistas sai de lá 5 horas, 6 horas da tarde, aí quando chega aqui não tem mais expediente. Mas aí como eu te digo, já é responsabilidade deles, porque o abrigo que o estado tá mandando é lá na capital."
O governo do Acre decidiu fechar o abrigo de Brasileia alegando que a cidade não tinha estrutura para alojar tantas pessoas. Desde 2010, quando começou o processo migratório, cerca de 20 mil migrantes, principalmente haitianos, passaram pelo município. A assistência humanitária foi transferida para Rio Branco.
O estado também patrocinou a viagem dos migrantes para outras cidades brasileiras, entre elas, São Paulo. Por meio de nota a Secretaria municipal de Direitos Humanos e Cidadania classificou como irresponsável a ação do governo do Acre de enviar uma grande quantidade de imigrantes haitianos para a cidade, sem contato prévio.
A secretaria calcula que em 10 dias, cerca de 800 pessoas tenham desembarcado na capital paulista. Em uma rede social, o governador do Acre, Tião Viana, rebateu as críticas e considerou preconceituoso o posicionamento paulistano.