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Direitos Humanos

Mulheres se organizam e desenvolvem projetos contra violência

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Tâmara Freire
14/04/2016 - 10:38
Rio de Janeiro

Das mulheres indígenas do Xingu e da Amazônia às meninas roqueiras da baixada fluminense. Das trabalhadoras domésticas paulistas às trabalhadoras do sexo de Minas Gerais, foram quase 700 inscritas, mas, ao final, 33 organizações de mulheres foram selecionadas para desenvolver projetos com foco na prevenção e combate à violência financiados pelo Fundo Elas e pelo Instituto Avon.


Ao todo, R$ 2 milhões serão investidos em oficinas, capacitações, seminários, festivais e outras ações de empoderamento feminino em dezessete estados do Brasil.


Para a coordenadora executiva do Fundo Elas, K.K. Verdade, somente com esse trabalho na ponta é possível consolidar a proteção que as leis brasileiras já preveem.


Wânia Santana, do Centro de Candomblé Ilê Omolu e Ôxum, que fica no Rio de Janeiro, concorda. Desde 1995 o local oferece capacitação profissional para as frequentadoras  e há quase dez anos o trabalho é focado no fortalecimento das mulheres para que elas consigam sair de situações de violência. De acordo com Wânia, nada produz mais efeito do que a vivência coletiva.


Já a Casa Laudelina de Campos Melo luta pela consolidação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A sede fica em Campinas (SP), mas as ações desenvolvidas nos últimos 25 anos já ultrapassaram as fronteiras do estado de São Paulo.


Com os recursos provenientes do edital, ela vai promover seminários sobre direitos trabalhistas para formar lideranças que consigam mobilizar outras trabalhadoras em suas cidades.


Nicea Quintino não tem dúvidas de que essa luta é para combater também o racismo e o machismo que oprimem essas mulheres.


E mesmo nas aldeias indígenas do Xingu, que mantém suas tradições e culturas preservadas, formas de violência modernas surgidas com a popularização da internet atingem mulheres.


A Associação Yamurikumã vai usar a verba do fundo para conscientizar os homens sobre os danos provocados pela divulgação não consentida de fotos das mulheres nas redes sociais.


Kaiulu Ialacuti conta que alguns povos chegaram ao ponto de cobrir as partes íntimas das meninas e adolescentes, durante cerimônias das quais elas tradicionalmente participam nuas, para evitar a produção de imagens erotizadas.


Esta é a terceira vez que o Fundo Elas e o Instituto Avon lançam o edital. Na última edição, 31 projetos foram selecionados e ao longo de sua execução atingiram diretamente cerca de 21 mil pessoas, além de mais de um milhãode maneira indireta.


Este ano, a expectativa é de que os projetos cheguem até 25 mil envolvidos.

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