Crise econômica e desemprego atingiram em cheio migrantes e refugiados. Dados do IBGE mostram que o desemprego no Brasil passou de 14% no primeiro trimestre e atingiu o recorde de 14 milhões e 800 mil brasileiros. Mas, para Gisele Netto, do Acnur, a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o cenário é pior para os quem vivem como refugiados.
Para quem é de fora, os obstáculos começam pela língua, as diferenças culturais, a xenofobia e a regularização da documentação. Padre Paolo Parise, da Missão Paz, em São Paulo, diz que antes da pandemia o governo vinha restringindo a entrada de migrantes e refugiados, mas com a pandemia foram editadas 29 portarias impondo restrições à entrada de migrantes no país e a situação se agravou.
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos recomendou ao governo federal a alteração da Portaria 654, de maio de 2021, para facilitar a entrada de migrantes em situação de vulnerabilidade. Mas Rodrigo Larferté, coordenador do Conare, Comitê Nacional para os Refugiados, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, diz que as restrições impostas não afrontam os tratados internacionais, já que se fizeram necessárias em função da pandemia do coronavírus.
O relatório Refúgio em Números, divulgado nessa terça-feira pelo Observatório das Migrações Internacionais, mostra que no ano passado o Brasil recebeu pouco menos de 29 mil pedidos de reconhecimento da condição de refugiado. Em 2019, foram quase 83 mil solicitações.