Cruz Vermelha avalia impactos dos desaparecimentos para famílias

São cerca de 80 mil registros de desaparecimentos por ano

Publicado em 06/07/2021 - 19:00 Por Eliane Gonçalves, da Rádio Nacional - São Paulo

Viver buscando. Essa é a rotina de Mirian Almeida, desde o dia 24 de agosto de 2013, quando o filho, Alison Almeida, desapareceu. Primeiro, a mãe do rapaz procurou a polícia, depois os hospitais, até chegar aos terrenos baldios:

Oito anos depois a busca continua e o sofrimento deixou marcas. Mirian e o marido desenvolveram diabetes, ela perdeu o emprego e a filha mais nova, irmã de Alison, segue em tratamento psicológico.

Um estudo do Comitê Internacional da Cruz Vermelha mostrou que os efeitos colaterais do desaparecimento de pessoas na vida dos familiares são uma regra.

A pesquisa começou a ser feita em 2018, em São Paulo, estado que tem o maior número de desaparecidos no país.

Foram acompanhadas 27 famílias e a maioria dos familiares desenvolveram problemas como ansiedade, depressão, insônia, culpa e síndrome do pânico. Renata Reali, coordenadora do Programa de Saúde Mental da Cruz Vermelha destaca que são consequências de uma espécie de luto congelado.

Além dos impactos na saúde física e mental, a vida financeira, jurídica e a segurança também são afetadas. Diego de Castro do Programa de Pessoas Desaparecidas da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro dá exemplos de como isso acontece:

O cenário é ainda mais grave porque a maioria das famílias afetadas por desaparecimentos são de renda mais baixa. Mais da metade delas se endividaram patrocinando as buscas.

O relatório batizado como “Ainda? Essa é a palavra que mais dói” também faz uma série de recomendações às autoridades públicas como a criação de centros de referência com equipes multidisciplinares que facilitem a coleta de informações, agilize a busca e facilite a comunicação entre familiares de pessoas desaparecidas e autoridades, além de alterações na legislação que permitam a criação de uma espécie de certidão de ausência para facilitar a situação jurídica dos familiares.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, desde 2017, são registrados cerca de 80 mil boletins de ocorrência com desaparecimentos por ano.

Edição: Sheily Noleto e Luiz Claudio Ferreira

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