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Direitos Humanos

Relatório aponta que 50 milhões são vítimas da escravidão moderna

Escravidão moderna está presente em quase todos os países
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Victor Ribeiro* - Repórter da Rádio Nacional
12/09/2022 - 20:25
Brasília
Trabalho, OIT
© REUTERS/Andrew Biraj/Direitos Reservados

Cerca de 50 milhões de pessoas no mundo são vítimas da escravidão moderna. Os números estão em um relatório feito por duas agências da ONU, a Organização Internacional do Trabalho e a Organização Internacional para as Migrações, junto com a ONG Fundação Walk Free.

A diretora da Walk Free, Grace Forrest, destacou que o número de vítimas aumentou consideravelmente entre o levantamento anterior, feito em 2016, e o atual, feito no ano passado.

“São 10 milhões de pessoas a mais em situação de escravidão moderna. Em relação ao relatório anterior, é como se a população inteira de um país como a Grécia passasse a essa condição. São 28 milhões de pessoas em trabalhos forçados e 22 milhões em casamentos forçados.”

Trabalhadores migrantes têm o triplo de chance de fazer trabalhos forçados. Além disso, a escravidão moderna está presente em quase todos os países. E mais da metade de todos os casos de trabalho forçado e um quarto de todos os casamentos forçados ocorrem em países de renda média alta ou alta.

Para Grace Forrest, esse tipo de exploração é um problema estrutural da humanidade.

“Da pandemia de covid-19 até os conflitos armados, passando pela crise climática, as pessoas mais vulneráveis foram as que mais sentiram os efeitos da crise, que também aumentou a escravidão moderna. Essas crises em todo o mundo levaram à redução de emprego e educação, e ao aumento da pobreza extrema, da migração insegura e da violência de gênero. A escravidão moderna nunca ocorre de forma isolada: é um problema criado pelo homem, ligado tanto à escravidão histórica quanto à desigualdade social.”

O setor privado concentra 86% dos casos de escravidão moderna. E a exploração sexual comercial representa 23% do total de vítimas, sendo 80% delas mulheres ou meninas.

A diretora da Fundação Walk Free, Grace Forrest, lista caminhos para enfrentar os trabalhos e casamentos forçados.

“Dar proteção social aos trabalhadores, com recrutamento justo e ético, evitando a servidão por dívida, fortalecendo a fiscalização pública, protegendo as pessoas do trabalho forçado e garantindo caminhos seguros para novos empregos. Mulheres, meninas e outros vulneráveis ao casamento forçado devem estar no centro das soluções: assegurando proteção adequada nas leis, como o aumento da idade mínima para casar para 18 anos, sem exceção. Se uma pessoa não consente, é casamento forçado. E as crianças são incapazes de consentir plena e livremente.”

Cerca de 3,3 milhões de vítimas da escravidão moderna são crianças. Mais da metade delas sofre exploração sexual.

O MPT, Ministério Público do Trabalho, recebe e investiga denúncias de trabalho escravo em todo o Brasil. É possível denunciar sem se identificar. Basta acessar mpt.mp.br.

* Com produção de Dayana Vítor.

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