Brasil segue como país com maior número de pessoas LGBT+ assassinadas

Publicado em 31/01/2023 - 13:35 Por Ana Mary Cavalcante - Repórter da Rádio Universitária FM - Fortaleza

O número de pessoas LGBT+ assassinadas no Brasil em 2022 mantém o país no topo mundial entre aqueles que realizam pesquisas sobre esse tipo de violência. Foram 242 homicídios - ou uma morte a cada 34 horas -, além de 14 suicídios. O levantamento é do Grupo Gay da Bahia, realizado a partir de notícias publicadas nos meios de comunicação.

A pesquisa é feita há 43 anos e revela a cultura do ódio contra a população LGBT+ na sociedade brasileira, avalia Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas:

“O que tem agravado a violência contra a nossa comunidade e a discriminação são os discursos extremistas - tantos os discursos conservadores como os discursos religiosos fundamentalistas. E isso vai criando um caldo de uma cultura LGBTIfóbica, que muitas vezes o assassino acaba se justificando falando: ‘eu estou matando uma pessoa abominável, que Deus quer que eu faça isso’. Inclusive isso é o depoimento de muitos assassinos”.

Toni Reis destaca a impunidade como outra marca da violência: “Nós temos em torno de 5% a 10% que são elucidados. Não há uma investigação científica, com técnicas de investigação. A impunidade gera muito mais violência”

O levantamento do Grupo Gay da Bahia mostra também que as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste têm praticamente o dobro de mortes LGBT+ em relação à média registrada nas regiões Sul e Sudeste. O Nordeste continua sendo a região mais insegura para a população LGBT+, concentrando 43,3% das mortes violentas. E Fortaleza está entre as dez cidades brasileiras com mais casos de mortes violentas de LGBT+, em números absolutos.

Para Toni Reis, da Aliança Nacional LGBTI+, fortalecer a cidadania é fundamental para o enfrentamento da LGBTfobia no Brasil: “Tanto no âmbito nacional quanto no âmbito estadual, é ter o tripé da cidadania bem organizado. Que é ter uma coordenação, ter um plano e que tenha um conselho para fazer o diálogo com a sociedade. E que a gente possa também estar criando um sistema de enfrentamento à LGBTfobia no nosso país”.

O levantamento do Grupo Gay da Bahia sobre as mortes violentas da população LGBT+ mostra que os gays continuam sendo os mais atingidos, em termos absolutos. Mas a população trans, proporcionalmente, corre 19% mais riscos de crimes letais que os homossexuais. A maioria das vítimas têm idades entre 18 e 29 anos.

Edição: Rádio Nacional / Nathália Mendes

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