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Direitos Humanos

Fórum Social Mundial termina em Porto Alegre após seis dias de debates

Neste sábado ocorreram atividades com poesia, circo, pintura e shows
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Akemi Nitahara - Enviada especial da Agência Brasil
28/01/2023 - 20:00
Porto Alegre
Painel “Fortalecer a terra, alimentar o Brasil” do Fórum Social Mundial
© Tânia Rego/ Agência Brasil

Terminou neste sábado, em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial. Foram seis dias com mais de 170 atividades autogestionadas. Ou seja, os próprios movimentos e entidades organizaram os debates, oficinas, intervenções artísticas, rodas de conversa e atividades culturais. Sete grandes mesas de debates organizadas pelo comitê facilitador do Fórum. Pelo menos 1.500 pessoas se inscreveram previamente para participar das atividades.

O Fórum Social Mundial foi criado em 2001, em Porto Alegre, para contrapor o Fórum Econômico Mundial, que ocorre anualmente em Davos, na Suíça. Já foram organizadas edições na Índia, no Quênia, Senegal, e Tunísia, além de outras cidades brasileiras, como Belém e Salvador.

Um dos fundadores do Fórum, Oded Grajew, explica que a ideia sempre foi debater pautas sociais, de inclusão, diversidade e sustentabilidade. De acordo com ele, nesses 21 anos o evento teve muito sucesso em pautar esses temas na sociedade como um todo. “Eram assuntos que não eram muito falados. Era muito falada a questão neoliberal da economia, mas a questão do meio ambiente, sustentabilidade, democracia, redução desigualdades, entrar na agenda e acho que o Fórum Social Mundial tem a ver com isso, né", diz.

Ele destaca também que o Fórum fortaleceu as conexões e a força da sociedade civil: “É uma aposta na articulação da sociedade civil para levar adiante essas pautas, né? E ela se articulou mundialmente, o Fórum é mundial e se desdobra em fóruns locais, temáticos, regionais, todo mundo né? E a gente viu o resultado agora na resistência ao golpe, a sociedade civil reagiu, se articulou, reagiu, se movimentou, mobilizou. Eu acho que as eleições agora, a vitória do Lula, a resistência ao golpe tem a ver muito com a força da sociedade civil que se fortaleceu no Fórum Social Mundial”.

Durante toda a semana, a cidade recebeu debates sobre os mais diversos temas. Como a inclusão da mulher e dos negros nas políticas públicas, com a ex-deputada Manuela D’Ávila. "A gente precisa reconhecer que só vai existir um Brasil justo e desenvolvido, se ele for para todo o povo brasileiro. O povo brasileiro não são os homens brancos. Eles são também parte do povo brasileiro, são parte. Nós não somos o nicho, né? Nós somos o povo brasileiro. Eles são o povo brasileiro, as pessoas negras é o povo brasileiro. A gente precisa desconstruir essa ideia de que o feminismo é sobre o nicho e o sujeito universal é um homem branco", disse.

A questão indígena, com a cacica Iracema Kantê Kaingang: “Temos que terminar mesmo com uma coisa que é o racismo. Me lembro também no tempo do meu avô, quando eles caminhava junto ao lado a lado. Então, tudo isso, a gente já fazia antes. Eu fui conhecer depois de grande quando eu comecei a ir para sala de aula foi conhecer”.

Na semana da Visibilidade trans, a população LGBTQIA+ também se posicionou, como explica o militante da organização Nuances Célio Golin: “Para nós, da população LGBT, é muito importante porque é o espaço onde nós podemos disputar, junto com os outros movimentos, essa visibilidade, esse empoderamento. Eu acho que a democracia, para ser representativa, precisa estar contemplando todos os públicos e nós, LGBTs, historicamente participamos do Fórum Social Mundial e precisamos retomar o Fórum Social Mundial no seu protagonismo que teve no início”.

Para a ativista da saúde mental, feminista, negra, periférica e do hip-hop Solange Gonçalves Luciano, visibilidade é a pauta principal de diversas causas: “É importante porque só assim os invisíveis se fazem visíveis, mesmo que queiram nos tornar invisíveis. Eu vim porque eu queria respirar vida. Se a gente ocupar o nosso lugar, né, no sentido de não ser o lugar que as outras pessoas tentam nos colocar, a gente se vê e sente que faz bem. A gente tem que se colocar, para encher aquele lugar onde queremos estar”.

A diretora do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Kátia Marko, resume que a discussão é sobre um Brasil melhor: “Nesse momento, a gente retomar ele aqui dá uma alegria, aquece o coração, né, de estar reencontrando as pessoas. Principalmente nesse momento em que estamos retomando o Brasil e as políticas públicas. Tu sente que as pessoas estão resgatando essa esperança. Tem muita coisa para ser feita, não vai ser fácil, mas agora nós temos portas e possibilidades de realmente construir esse outro mundo que a gente tanto vem lutando e querendo desde o primeiro Fórum, em 2001.”

No último dia do Fórum, o Parque da Redenção, no centro da cidade, recebeu o Festival Social Mundial, que reuniu atividades de poesia, circo, pintura e shows durante toda a tarde e início da noite.

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