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Direitos Humanos

Ministério dos Direitos Humanos recompõe Comissão de Anistia

Militares nomeados pelo governo Bolsonaro foram exonerados
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Sayonara Moreno - Repórter da Rádio Nacional
17/01/2023 - 16:13
Brasília
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, assume o cargo em cerimônia no auditório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)
© José Cruz/Agência Brasil

Criada para reparar e indenizar ex-presos da Ditadura civil-militar, no Brasil, a Comissão da Anistia está com nova composição. Por meio de uma portaria publicada nesta terça-feira (17), os militares nomeados pelo governo passado, de Jair Bolsonaro, não fazem mais parte do órgão.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, 16 pessoas fazem parte da nova Comissão da Anistia, e possuem “experiência técnica, em especial no tratamento do tema da reparação integral, memória e verdade.” Desse total, 14 foram nomeados agora e dois, que representam o Ministério da Defesa e os anistiados, vão ser escolhidos depois.

O grupo vai ser presidido pela professora da Universidade de Brasília, Eneá de Stutz e Almeida, que já fez parte da comissão, e é especialista em História do Direito.

O Diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sottili, relatou que a entidade recebeu a notícia “com alegria”.

Prevista em lei de 2002, a Comissão da Anistia é a responsável por analisar os pedidos de anistia a situações de perseguição política durante o regime militar. No entanto, durante o governo de Jair Bolsonaro, a comissão mudou seu funcionamento. Com isso, de 2019 a 2022, 95% dos pedidos de anistia foram negados.

Um dos pedidos negados foi da ex-presidenta Dilma Rousseff, que relatou ter sido torturada e presa por mais de três anos, na década de 1970. As agressões geraram problemas dentários, e a perseguição resultou em condenação, perda de emprego e afastamento dos estudos na universidade.

Em 2014, o relatório da Comissão Nacional da Verdade concluiu que os chamados “anos de chumbo” praticaram “graves violações de direitos humanos”, que configuram “crime contra a humanidade”. O relatório menciona que de 1964 a 1988, pelo menos 6 mil pessoas foram torturadas e mais de 400 foram assassinadas, durante as torturas ou por desaparecimento forçado.

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