A investigação sobre os trabalhadores encontrados em situação semelhante à de escravos em fazendas de arroz em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, ainda busca identificar quem eram os responsáveis por aliciar essas pessoas. O número de resgatados subiu de 56 para 82, após a análise dos casos e coleta de depoimentos. Desses, 11 são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos.
Este é o segundo maior resgate de trabalhadores registrado no Estado. Está atrás dos 207 encontrados em vinícolas de Bento Gonçalves em fevereiro.
Desde 2021, casos como esses aumentaram drasticamente no Rio Grande do Sul, segundo o Ministério Público do Trabalho. Foram apenas cinco resgatados em 2020 e saltou para 76 no ano seguinte. Em 2022 foram 156 e, neste ano, já se aproxima de 300.
A procuradora do MPT em Uruguaiana, Franciele D'Ambros, vê o aumento da pobreza e a maior compreensão da população como razões para o aumento no número de resgatados.
"Em razão da necessidade de prover a sua subsistência, acabam aceitando qualquer oportunidade, muitas vezes - (mas) existem, claro, aqueles trabalhadores que são efetivamente enganados. E temos um segundo fator, que é a maior conscientização da população sobre o que é o trabalho em condições análogas à de escravo. A publicização recente de casos vem contribuindo para o aumento de denúncias".
A operação de resgate em Uruguaiana aconteceu na última sexta-feira. A procuradora explica que a investigação ainda está em fase inicial, avaliando os valores de verbas rescisórias e identificando quem são os empregadores. A partir daí, será definida uma indenização.