Pará teve 556 assassinatos de camponeses durante ditadura militar

Dado é de relatório final da Comissão da Verdade do estado

Publicado em 01/04/2023 - 17:20 Por Gésio Passos - repórter da Rádio Nacional - Brasília

59 anos após o golpe militar no país, mais um relatório que resgata a memória desse período violento da nossa história é divulgado. A Comissão Estadual da Verdade do Pará lançou, nessa sexta-feira (31), na Assembleia Legislativa do estado, seu relatório final.

O texto traz uma análise sobre a as violações de direitos humanos e liberdade ocorridas entre 1964 e 1988 no Pará.

A Comissão Estadual da Verdade do Pará foi criada em 2014. O deputado estadual Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Comissão da Verdade, diz que os trabalhos precisaram ser interrompidos diversas vezes, pelas dificuldades encontradas e pela falta de apoio do governo do estado. Mas ressalta a importância do relatório.

Segundo o levantamento, o estado foi onde ocorreu o maior número de conflitos no campo: 805 conflitos agrários envolvendo 411 mil famílias, e o assassinato de 556 camponeses.

O relatório cita ainda a busca por mortos e desaparecidos ligados à Guerrilha do Araguaia, na região do Bico do Papaguaio, entre a divisa do Pará, Tocantins e Maranhão. O documento estima que 70 pessoas morreram. Até hoje, apenas dois restos mortais foram encontrados.

Dulce Rosa Rocque, de 80 anos, perseguida pela ditadura no Pará, diz que a luta pela democracia é diária.

No lançamento, ainda foram homenageados dois dos idealizadores da Comissão Estadual, que acabaram falecendo. Os militantes Egídio Sales Filho, que era o presidente da Comissão, e Paulo Fonteles Filho, o principal relator.

O Relatório prevê 23 recomendações, entre elas o reconhecimento e pedido oficial de perdão, pelo Governo do Pará, em função da sua responsabilidade pelas graves violações de direitos humanos na ditadura.

O relatório pede ainda que a Assembleia do Estado promova a devolução simbólica dos mandatos dos deputados estaduais cassados pelo golpe.

Além disso, sugere a criação de uma comissão estadual da verdade específica para os povos indígenas paraenses, para dar seguimento às investigações já iniciadas. O relatório completo pode ser encontrado no site da Comissão da Verdade do Pará.

Edição: Sheily Noleto/ Sumaia Villela

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