Cerca de 150 oficinas de costura com trabalhadores em situação análoga à escravidão foram descobertas na cidade de São Paulo por uma comitiva do CNDH, o Conselho Nacional de Direitos Humanos.
O conselho chegou ao flagrante a partir de conversas, no último domingo, com um grupo de cerca de 120 imigrantes e refugiados, principalmente da Bolívia, além de cidadãos do Equador, da Venezuela, e ainda paraguaios e peruanos.
Essas pessoas moram nas mesmas casas em que trabalham, e a jornada nas oficinas começa às 7 horas da manhã e se estende até a meia-noite. Além disso, elas têm raras pausas ao longo do dia, o que configura jornada exaustiva e fere os direitos trabalhistas.
Pelos relatos, o Conselho apurou também que os trabalhadores pagam tanto pelos alimentos que consomem quanto pelos banhos que cada integrante de suas famílias tomam nos locais.
A conselheira do CNDH Virgínia Berriel, destacou que, mesmo quando os trabalhadores conseguem relativa libertação de suas obrigações com os empregadores, acabam optando por permanecer na atividade, comprando máquinas de costura, mas seguem em um quadro de precariedade.
Esses dados vão ser divulgados pelo Conselho em relatório nesta quinta-feira, quando a situação de trabalhadores que sofrem exploração em ambientes domésticos vai ser abordada em audiência pública na Alesp, a Assembleia Legislativa de São Paulo.