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Direitos Humanos

Lula anuncia pacote para reduzir violência da juventude negra

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Sayonara Moreno - repórter da Rádio Nacional
21/03/2024 - 18:03
Brasília
Brasília, DF 21/03/2024 O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de vários de seus ministros,  participa do lançamento do plano Juventude Negra Viva, no Ginásio Regional da cidade satélite de Ceilândia  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ao reconhecer a existência de um extermínio da população jovem negra, no Brasil, o Presidente Lula anunciou um pacote de ações de 18 ministérios, para reduzir a violência e a fragilidade social dessa população.

Nesta quinta-feira (21) , Lula lançou, ao lado de ministros e ministras, o Plano Juventude Negra Viva, que traz iniciativas nas áreas de segurança, educação, saúde, assistência social, esporte e meio ambiente.

Durante o evento em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, Lula disse que o país não pode ficar estático diante do extermínio de jovens negros. "Não podemos assistir apáticos ao extermínio da juventude negra do nosso país. Queremos nosso jovens vivos com acesso a todas as oportunidades a que eles têm direito. Queremos um país com mais justiça social, com menos desigualdades e sem nenhum tipo de discriminação. O racismo e suas consequências peversas que nossa sociedade resiste tanto em reconhecer se revela todos os dias nos mais diversos ambientes" 

No lançamento, a presidenta da UNE, União Nacional dos Estudantes, Manuela Silva, citou dados do UNICEF para destacar a importância do Plano Juventude Negra Viva. "Segundo a Unicef, a cada mil jovens negros, quatro são assassinatos antes de chegar aos 19 anos. Nossa juventude negra não pode ter esse destino por falta de oportunidade. Nós não queremos mais que as balas perdidas sempre encontrem um corpo negro. Nós não queremos que a nossa juventude passe horas em cima de um bicicleta para poder ajudar a sua família. Nós queremos viver. Que as nossas mães negras chorem de alegria e não com os nossos corpos estirados nas periferias e na favela". 

Para a elaboração do plano, os ministérios debateram com mais de seis mil jovens de todo o país ao longo do ano passado. Para isso, o investimento vai passar dos R$ 665 milhões.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou alguns pontos do plano relacionados à saúde mental dos jovens negros. "Nesse pacote a gente fala da redução de vunerabilidades sociais, da redução da letalidade, de bolsa de estudo com editais e intercâmbios. Além de tudo isso um ponto que agora pra mim também é muito marcante, a saúde mental dos nossos jovens negros. Cuidem um dos outros. Os números demonstram, infelizmente, que os nossos jovens têm se suicidado e é por isso que a gente levanta com um plano nacional para a saúde da população negra, com um recorte para a juventude porque a gente quer vocês vivos". 

Dados do Ministério da Saúde revelam que o índice de suicídio entre jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos. Além disso, um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que, em 2022, mais de 80% das pessoas mortas em intervenção policial eram negras. E mais de 75% eram jovens entre 12 e 29 anos.

O Plano Juventude Negra Viva vai ter 11 eixos, com 43 metas e mais de 200 ações a serem implementadas pelos 18 ministérios. A execução está prevista para 12 anos, mas a cada quatro ele vai ser revisado. Apesar de ser um programa do governo federal, os governadores dos estados e do Distrito Federal podem aderir.

O lançamento do plano ocorreu neste dia 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

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