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Direitos Humanos

Sede do Dops pode virar centro de memória dos direitos humanos no Rio

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Tatiana Alves - repórter da Rádio Nacional
11/03/2024 - 19:42
Rio de Janeiro
O movimento Ocupa Dops promove um ato público em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no Rio, para marcar o Dia Internacional de Combate à Tortura (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil para analisar, discutir e eventualmente viabilizar a criação de um centro de memória e dos direitos humanos na antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro do Rio de Janeiro. Abandonada desde os anos 80, a edificação está em avançada deterioração.

O órgão ministerial deu prazo de 10 dias para que a Polícia Civil, que administra o edifício, se manifeste sobre a representação do Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação, organização da sociedade civil que reúne entidades constituídas por ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos e militantes de direitos humanos. 

O grupo reivindica a transformação da antiga sede do Dops em um espaço de memória política. Durante o regime militar, o local foi palco de práticas de repressão e tortura a perseguidos pela ditadura.

Segundo a representação apresentada ao MPF, o abandono da edificação, localizada na Rua da Relação, n. 40, no bairro da Lapa, no centro da cidade, vem ocasionando a perda de elementos do testemunho histórico sobre a ditadura militar.

Em 1987, o prédio foi declarado patrimônio cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. Entre os elementos de memória preservados estão as carceragens masculina e feminina, armários, escaninhos, além de uma sala com revestimento acústico – o que aponta seu uso para tortura.

Segundo o procurador da República Julio José Araujo Junior, que assina a peça ministerial, o direito à memória não serve só para relembrar o passado, mas também para promover um questionamento da realidade no presente e o estabelecimento de metas para o futuro.

O inquérito civil foi instaurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF no Rio de Janeiro.

A Polícia Civil foi procurada para emitir posicionamento acerca da medida, mas não se manifestou até o fechamento da matéria.

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