Libertação de Assange é vitória do direito de informar e ser informado
Depois que o jornalista australiano e fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, foi libertado da prisão para assinar acordo com os Estados Unidos, o presidente Lula comemorou a notícia, na rede social X. Apesar de considerar tardia, Lula disse que a libertação e o “retorno para casa [...] representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”.
Essa é a mesma avaliação da Presidenta da Fenaj, Federação Nacional dos Jornalistas, Samira de Castro, apesar dos mais de 500 jornalistas presos pelo mundo, segundo a entidade. Para ela, foi uma vitória, também, “do direito de informar e de ser informado”.
“Era um caso que poderia abrir uma jurisprudência negativa contra o jornalismo em escala mundial. Criminalizar o jornalismo, criminalizar um jornalista por ter denunciado, por ter vazado documentos de interesse público, relativo aos crimes de guerra nos Estados Unidos”.
A prisão de Assange ganhou repercussão mundial, e diversas campanhas foram iniciadas, pelo direito à liberdade de imprensa e pela liberdade do jornalista. A pressão política fez com que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retirasse 17 das 18 acusações contra Assange.
Para deixar a prisão, Assange fez um acordo com os Estados Unidos: se declarar culpado pelo crime de conspiração para obter e divulgar, de forma ilegal, informações confidenciais da defesa dos Estados Unidos, sobretudo atividades militares no Iraque e no Afeganistão. As publicações foram feitas no site que ele fundou, o WikiLeaks. Na rede social X, o portal disse que as informações vazadas são histórias de "corrupção governamental e abusos dos direitos humanos”.
Para o diretor executivo da entidade Repórteres Sem Fronteiras para a América Latina, Artur Romeu, o acordo para o jornalista ficar livre gera preocupação.
“Nenhuma das informações reveladas pelo WikiLeaks naquele período teve sua veracidade contestada e teve seu caráter de relevância jornalística, e para o interesse público, contestado. O acordo que Assange faz com os Estados Unidos cria, sim, um precedente de uma condenação de jornalista. É claramente preocupante, mas ainda assim não tira a relevância e a importância desse momento, como uma vitória da luta em defesa da liberdade de imprensa. Não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo”.
Julian Assange, de 52 anos, estava preso no Reino Unido desde 2019, em uma prisão de segurança máxima. O perfil do WikiLeaks na rede social X comemorou a notícia. Segundo a página, a liberdade de Assange “é o resultado de uma campanha global que abrangeu” diversos atores e entidades. A publicação acrescenta que o jornalista australiano passou mais de cinco anos numa cela de seis metros quadrados, “isolado 23 horas por dia” e agora vai se reencontrar com a esposa Stella Assange e os filhos, “que só conheceram o pai atrás das grades”.