Falta de saneamento afeta frequência escolar de 6 milhões de crianças
Você já se perguntou como a falta de saneamento básico pode afetar a vida das crianças? É esse o foco de uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Trata Brasil, que revelou uma realidade devastadora. Quatro em cada 10 crianças brasileiras de até 6 anos se afastam de creches e escolas por falta de saneamento. Em números absolutos, são mais de 6 milhões de crianças. E, para se ter ideia, o valor é equivalente à população inteira do Paraguai.
Os impactos também são percebidos na saúde dos pequenos. Em um ano, mais de 300 mil crianças são internadas por doenças relacionadas à falta de saneamento. Em locais sem infraestrutura, as pessoas estão mais vulneráveis a doenças como dengue, cólera e diarreia, que são causadas por água parada ou contaminada. A falta de água tratada também prejudica a higiene.
As doenças ocasionadas pela falta de saneamento também põem em risco a gestação de mulheres grávidas.
Na escola, até o desempenho é afetado. O estudo revela que crianças sem acesso a saneamento tendem a tirar notas mais baixas. Devido às doenças às quais estão suscetíveis, acabam frequentando menos as aulas e apresentando maior dificuldade no aprendizado.
Os impactos na infância e adolescência acabam prejudicando também o futuro desta criança, no que diz respeito a emprego e renda. Um jovem que teve acesso a saneamento básico desde a sua infância vai ter quase 50% a mais de renda, se comparado com alguém que cresceu sem a mesma infraestrutura.
Para a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, é fundamental o compromisso dos recém-eleitos no pleito deste ano.
Uma lei aprovada em 2020, conhecida como o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, estabelece metas para a universalização destes serviços. Foi determinado que, até 2033, 99% da população deve ter acesso a água potável, e pelo menos 90% deve ter o esgoto coletado e tratado.