Na continuação da volta das férias, prosa de ontem sobre a situação dos chomeurs, ou desempregados, na França, país rico em crise na economia tem seis anos, fiquei devendo a fala sobre o filme La loi du marché, traduzindo, A Lei do Mercado, que faz sucesso e foi até premiado no último Festival Internacional do Cinema de Canes, também na França. Então, vamos lá.
Começando pelo personagem principal, que encarna a situação de dois milhões e trezentos mil desempregados inscritos pelo governo da França que estão desempregados tem mais de um ano. O ator Vicente Lindon faz o papel de um desempregado há três anos, cinquenta anos de idade, que era pequeno empresário e, por causa da crise, acabou tendo que aceitar, depois do seguro-desemprego vigiado de perto, o emprego de vigia de um supermercado.
Tem que denunciar as pessoas, desempregadas, que roubam os panfletos de propaganda para pegar os carnês de descontos nas compras de comida. Começa por aí, além de ser um retrato real do que acontece na França, que está em crise econômica desde 2008.O ponto principal do filme a Lei do Mercado, em que a economia interessa mais do que as pessoas, é justamente sobre as pessoas que estão há muito tempo procurando emprego.
A discussão do filme é sobre o seguinte. É melhor continuar recebendo o seguro-desemprego ou aceitar um emprego ganhando bem menos do que antes e fazendo um serviço abaixo da capacidade profissional conquistada nos últimos anos pelo trabalhador agora desempregado? Começando pela fala do personagem num certo momento do filme que está fazendo o maior sucesso na França:
- Eu continuo em plena forma, sou capacitado, motivado, mas estou com a sensação de estar sendo muito do mal utilizado no emprego que o mercado me oferece. Por isso eu me acho um desclassificado social e tem horas em que penso que, entre um subemprego é melhor continuar desempregado e recebendo o seguro do governo.
Pois aqui é que entra a discussão que está havendo entre os desempregados na França e por isso o governo está dificultando a concessão do seguro desemprego e controlando mais de perto até onde as pessoas estão mesmo procurando trabalho ou não. Segundo um estudo publicado na França sobre o que chama de desclassificados sociais, se a economia não se recuperar, a mistura de desempregados há muito tempo e falta de vagas decentes, já está provocando o seguinte:
- Em breve, a procura por um emprego a qualquer custo deixará de ser uma escolha satisfatória para a pessoa deixar de ser desempregada.
Aliás, aqui no Brasil, as estatística do IBGE classifica como desocupado a pessoa que desanimou de procurar emprego, por qualquer motivo.
Trocando em Miúdo: Programete sobre temas relacionados a economia e finanças, traduzidos para o cotidiano do cidadão . É publicado de segunda a sexta -feira.
* O título e o texto deste programete foram alterados às 02h53 do dia 08/06/2015 para que eles correspondessem ao áudio publicado.