O resultado primário das contas públicas, em setembro deste ano, foi o pior para o mês desde 2001, quando começou o registro dessa série histórica. O Banco Central divulgou nessa segunda-feira (31) que o setor público registrou um déficit primário de mais de R$ 26,5 bilhões.
Já os gastos com juros nominais reduziram em setembro. Neste cálculo, estão incluídos os governos federal, estaduais e municipais e também as empresas públicas.
O déficit primário é o resultado negativo das receitas obtidas pelo governo por meio de impostos menos as despesas – sem calcular os juros. Em setembro deste ano, as contas ampliaram o déficit em 360% em relação a setembro de 2015. Em relação a agosto deste ano, o déficit foi cerca de 19% maior.
Nos nove primeiros meses do ano, o resultado primário negativo atingiu R$ 85,5 bilhões, o que representa um aumento de mais de 1.000% em relação ao mesmo período de 2015.
A economista Celina Ramalho, do Conselho Federal de Economia, opinou que os números negativos são consequências da inconsistência da dívida pública e da crise econômica. A especialista destacou ainda a importância dos juros no resultado negativo.
Sonora: “O papel dos juros é o seguinte: à medida que ele vai diminuindo, o governo se endivida menos porque se ele vai vender títulos para financiar a juros mais altos, no futuro, ele vai ter que devolver essa correção monetária e esses juros que ele está prevendo.”
Para a economista Celina Ramalho, além de um ajuste fiscal é preciso reduzir a taxa básica de juros.
Sonora: “Se neste momento não forem baixadas as taxas de juros, as pessoas vão ser motivadas a fazer investimentos financeiros. E, com investimentos financeiros, ninguém vai remunerar salários, não vão acontecer investimentos novos no lado real da economia e o governo não vai arrecadar impostos.”
O Banco Central reduziu a taxa básica de juros pela primeira vez em quatro anos no último dia 19. A taxa Selic ficou em 14% ao ano.