O isolamento social e as restrições ao funcionamento do comércio, para conter o avanço do novo coronavírus, causaram o maior impacto negativo dos últimos 10 anos na Intenção de Consumo das Famílias.
Medido pela CNC, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o indicador registrou em maio queda de 13,1%, a mais intensa desde o início da realização da pesquisa, em janeiro de 2010.
Os dados divulgados nesta quarta-feira (27) mostram que o índice ICF chegou ao segundo resultado mensal negativo seguido. Em relação a maio de 2019, a retração foi ainda maior: -13,7%, o recuo mais acentuado desde agosto de 2016.
O indicador referente ao acesso ao crédito foi o único entre os subíndices que apresentou variação anual positiva, de 5,4%. Mas, em relação a abril, o item registrou queda de 1,8%, após quatro meses seguidos de alta.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, apesar de a percepção das famílias em relação ao mercado de crédito continuar melhor do que no ano passado, os brasileiros já demonstram preocupação no curto prazo.
José Roberto Tadros acredita que, as taxas de juros cada vez mais baixas, com um nível inflacionário controlado, impactaram favoravelmente a percepção de acesso ao crédito. Avalia, no entanto, que o risco de inadimplência é maior, por causa da desaceleração do consumo, provocada pela crise em função da pandemia de covid-19.
A pesquisa da Confederação Nacional do Comércio mostra, ainda, que os brasileiros nunca estiveram tão pessimistas com relação à perspectiva profissional. O indicador atingiu em maio seu menor nível na série histórica, com queda mensal de 15,6% e anual de 18,2%. Pela primeira vez desde janeiro de 2018, a maior parte das famílias demonstrou uma perspectiva profissional negativa: 51,5%, contra 42,5% no mês anterior e 40,7% no mesmo período do ano passado.
A maioria dos brasileiros também acredita que vai consumir menos nos próximos meses, influenciada pelo momento atual dos indicadores econômicos e pelo prolongamento do período de isolamento. Em maio, 50,9% das famílias demonstraram essa insatisfação de forma mais intensa na expectativa de consumir – o maior percentual desde outubro de 2017.
Assim como em abril, a aquisição de bens duráveis teve destaque negativo. A parcela de consumidores que acreditam ser um mau momento para compra de duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos, carros e imóveis, atingiu 70,1%, percentual acima dos 60,7% observados no mês anterior e dos 61,5% em maio de 2019.