Nova regra da União Europeia pode dificultar exportações brasileiras

Publicado em 21/04/2023 - 12:31 Por Gabriel Corrêa - Repórter da Rádio Nacional - São Luís

Produtores brasileiros têm condições de cumprir exigências da nova lei europeia contra o desmatamento, mas as divergências com a lei nacional podem dificultar mudanças. Esse é o entendimento tanto de pesquisadores sobre Amazônia quanto de órgãos que representam produtores rurais. 

Aprovada nesta semana pelo Parlamento Europeu, a nova lei obriga que os produtos de sete cadeias (bovino, cacau, café, óleo de palma, couro, soja e madeira) tenham comprovação que não sejam de áreas desmatadas a partir de 2021.  

De acordo com Olivia Zerbini, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a nova lei europeia afeta diretamente os produtos vendidos pelo Brasil.  

Os órgãos europeus vão classificar o nível do país exportador quanto a possibilidade de cumprimento das novas exigências, conforme explica Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária. 

Já a Aprosoja, Associação Brasileira dos Produtores de Soja, considera a nova legislação um "protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental". A entidade faz uma crítica à comparação entre a "conversão de uso do solo permitido em lei” ao "desmatamento ilegal, que já é punido pela legislação ambiental brasileira".  

Na prática, o produtor terá que modificar a produção conforme as regras dos países que compram.  

Olivia Zerbini, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, considera que a nova legislação cria muitas possibilidades. Há o risco de o bioma amazônico ser protegido e o cultivo avançar pelo Cerrado. Ou os produtores dispensariam os europeus e se concentrariam em mercados menos exigentes, como China e Estados Unidos; mas também pode ser uma oportunidade para o Brasil expandir a produção de commodities mais sustentáveis, como explica a pesquisadora. 

Os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente ainda não comentaram a nova legislação europeia. 

Edição: Nadia Faggiani/Edgard Matsuki

Últimas notícias
Geral

Braskem: moradores falam sobre a vida após a desocupação de bairros

Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Farol. Esses são os bairros “fantasmas” no entorno da lagoa do Mundaú, em Maceió, que foram evacuados pelo risco de desabamento recorrente da exploração mineral de sal-gema pela empresa petroquímica Braskem.
 

Baixar arquivo
Política

Parecer do TCU recomenda que Bolsonaro devolva presentes em 15 dias

Itens, como joias, foram ofertados ao Estado Brasileiro, segundo peça técnica do Tribunal. A proposta ainda deve passar pela análise do ministro Augusto Nardes, relator do caso.

Baixar arquivo
Política

Lula diz ainda ter esperança em acordo entre Mercosul e União Europeia

Presidente está em Berlim, onde também falou a jornalistas sobre a ofensiva israelense na Faixa de Gaza e criticou a atuação da ONU pela paz na região. 

Baixar arquivo
Direitos Humanos

Cúpula Social do Mercosul tem apelo por integração em direitos humanos

Evento foi retomado de forma presencial após sete anos. Tom das integrantes da mesa de abertura foi por cooperação não só econômica, mas de estreitamento de laços culturais e promoção de políticas de combate ao racismo, misoginia e precarização do trabalho.

Baixar arquivo
Economia

Alckmin diz que produção de gás natural deve dobrar nos próximos anos

A fala veio em resposta a representantes da indústria química, que pediram mais atenção ao setor. Alckmin é o presidente em exercício, enquanto Lula cumpre agenda no exterior - como foi a COP 28, evento mundial que trata do fim dos combustíveis fósseis.

Baixar arquivo
Economia

Expectativa da inflação para 2023 cresce 0,01 ponto percentual

Ajuste de analistas foi feito tanto para 2023 como para 2024. Para o PIB, os percentuais permaneceram os mesmos.

Baixar arquivo