Em dificuldades por conta do aumento da importação especialmente para países do Mercosul, o setor de leite em pó produzido por agricultores familiares vai ganhar um reforço. O governo anunciou que vai comprar os estoques do produto. Serão R$ 200 milhões para isso, sendo R$ 100 milhões por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, na modalidade compra direta e outros R$ 100 milhões via Ministério da Agricultura.
Esse leite vai ser destinado a pessoas em condições de insegurança alimentar e nutricional. Outras medidas do governo para ajudar o setor é o aumento do imposto de importação de leite e produtos lácteos de 12,8% para 18% pelo período de um ano. Isso para três produtos: queijo de pasta mole e de pasta azul e óleo de manteiga. E a retirada de 29 produtos de uma resolução que previa tarifa de importação unilateral de 10%. Estamos falando aqui de iogurte, manteiga, doce de leite, que agora terão imposto variando entre 10,8% e 14,4%.
Além disso, em julho passado, o governo já havia atendido pleito do setor de elevação da alíquota de outros componentes como complementos alimentares.
O anúncio foi feito esta semana após uma reunião entre os ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Paulo Teixeira, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o presidente da Conab, Edegar Pretto, que falou sobre outra preocupação: a fiscalização.
Essa mesma preocupação tem o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
A crise no setor vem desde o ano passado. Segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, as importações brasileiras de lácteos aumentaram 148%, entre junho de 2022 e junho de 2023. Em relação ao leite em pó, as compras externas aumentaram ainda mais: 234% no período, sendo os principais fornecedores o Uruguai, a Argentina e o Paraguai.
Internamente, o preço médio do leite cru adquirido por laticínios registrou queda em maio, 6,2% em relação a abril. Apesar disso, o preço final do produto para os consumidores vem registrando alta. Entre janeiro e julho de 2023, o leite longa vida registrou alta de 7,13%, segundo o IPCA, que mede a inflação oficial. O próximo passo, agora, segundo a Conab é conversar com as grandes redes de supermercado para entender o que está havendo.