* Matéria corrigida em 10.03.17, às 19h11, pois o número de escolas afetadas estava incorreto. Diferentemente do informado, são 36, e não 1.450 as escolas que ainda não receberam livros didáticos no Distrito Federal.
Após 30 dias do início do ano letivo, escolas do Distrito Federal enfrentam um desafio: não têm livros suficientes para todos os alunos matriculados. Como o assunto é tratado de forma velada, os entrevistados para esta reportagem tem medo de represálias e vão ser apresentados aqui com nomes modificados.
A estudante de 14 anos, que vamos chamar de Cláudia, está matriculada no 9º ano do ensino fundamental na escola Classe 8. Ela conta que uma parte dos alunos ficou sem livros.
Na escola de Cláudia, faltam livros para quatro matérias: História, Geografia, Inglês e Artes. Já no Centro de Ensino Fundamental 11, a situação é ainda pior: nenhum dos livros foram entregues e as crianças do sexto ano estão sem material didático.
Beatriz, de 11 anos, descreve a forma como as aulas estão acontecendo.
A secretaria de Educação admite que estão faltando livros. Por meio de nota, informou que está trabalhando para garantir que os estudantes recebam o material o quanto antes e destacou que é de responsabilidade do Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional do Livro Didático, fazer a distribuição dos livros.
Mas João, o pai da Cláudia e da Beatriz, tem uma versão bem diferente. Para ele, falta clareza nas informações já que a Secretaria não dá previsão de quando o problema será resolvido:
A reportagem procurou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que é o responsável pelo Programa Nacional do Livro Didático. A explicação foi que a projeção do material didático necessário para todo o ano letivo é feito com o Censo Escolar. Só que o número de matrículas superou a projeção para este ano.
Outra explicação foi que a Editora IBEP não cumpriu os prazos de postagem dos livros, o que agravou ainda mais a situação. Das 267 instituições que optaram por livros da editora, 36 ainda não receberam o material. A reclamação contra a IBEP não é exclusiva do DF e se repete em outros estados. Só no site Reclame Aqui, dá pra ler mais de 50 internautas relatando problemas.
A editora não respondeu ao nosso contato, mas de acordo com o FNDE, a previsão é que situação dos livros seja regularizada até o final de março.
Sobre a falta de material na rede pública, o FNDE disse que as escolas podem fazer trocas de sobras de livros ou pedir à reserva técnica do fundo o envio de outros.
Quem se sentir prejudicado pode reclamar nas ouvidorias do Ministério Público ou do próprio GDF. Elas só podem agir a partir dessas reclamações.