A grande maioria dos municípios brasileiros tem menos moradores do que a Maré, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, chamado de complexo, porque agrega 16 localidades diferentes.
De acordo com o censo elaborado pela Ong Redes da Maré, esses quase 140 mil habitantes encaram desafios maiores do que a média da população da megalópole que os rodeia. O principal deles está na área da educação.
O levantamento divulgado nesta terça-feira aponta que menos de 38% da população do bairro concluiu o ensino fundamental e a porcentagem vai caindo drasticamente conforme o nível educacional aumenta, chegando a apenas a um por cento no ensino superior e a 0,03% na pós-graduação.
O coordenador do Núcleo de Pesquisas e Monitoramento de Projetos da Ong, Dalcio Marinho Gonçalves, ressalta que é preciso investir na educação de jovens e adultos. E não somente garantindo o acesso, mas também a permanência.
De acordo com o censo, mais de 22% dos moradores que chegaram ao ensino médio acabaram evadindo, o que se relaciona com o número de escolas públicas do bairro. São 19 unidades que atendem até o 4° ano do ensino fundamental, mas apenas cinco, para estudantes do sexto ao nono e três de ensino médio.
Quase 90% dos estudantes depende da rede pública. De acordo com Gonçalves, a falta de perspectiva de avanço nos estudos também se relaciona com os dados de união e natalidade.
De acordo com o censo, mais de 9% dos adolescentes e de 35% das pessoas entre 20 e 24 anos que moram na Maré, têm ou já tiveram pelo menos um filho.
Também é maior a quantidade de jovens que vivem em união e quase 46% das pessoas com idades entre 15 e 29 anos vivem ou já viveram com um cônjuge, 10 pontos percentuais a mais do que no Brasil como um todo.