Mulheres negras. Elas são a maior parte da população do país. Estamos falando de 60 milhões de pessoas. 28,5% do total. Elas são, também, o maior percentual da população brasileira ativa: 28,4%. E são as mulheres negras que chefiam a maioria das famílias. Mesmo assim, são as que ganham menos. Representam apenas 16% do rendimento total do país.
Os dados estão no relatório sobre desenvolvimento humano do Pnud, que é o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado nesta terça-feira (28). O levantamento mostra ainda que 34% das crianças e jovens até 14 anos vivem com essas mulheres chefes de família. Um retrato da desigualdade, segundo a coordenadora do estudo, Betina Ferraz Barbosa.
Betina ainda complementa: serão necessárias mais de três décadas para que o IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, dos negros, se iguale ao dos brancos hoje.
E os cuidados com a casa também tiram as mulheres negras do mercado de trabalho. 31,8% delas estão sem trabalhar para cuidar de filhos ou outros parentes. Em relação às mulheres brancas, esse percentual é de 27%. A desigualdade aparece também nas escolas. A população adulta negra, seja homem ou mulher, sem nenhum ensino ou sem ter completado o ensino fundamental é de 35%. Já entre os brancos, o percentual fica em torno de 25%.