Livro de Ziraldo é tirado de escolas em MG e gera crítica de censura
Mais uma discussão sobre censura de livros no Brasil, agora envolvendo a obra “O Menino Marrom”, de Ziraldo. Por causa da pressão de alguns pais e mães, a Secretaria Municipal de Educação da cidade mineira de Conselheiro Lafaiete decidiu suspender os trabalhos que estavam sendo realizados, em sala de aula, com alunos do Ensino Fundamental. Os responsáveis alegam que parte do conteúdo é “extremamente agressivo”.
A decisão da Secretaria gerou reação entre professores e especialistas e a discussão logo ganhou força na internet. Enquanto algumas pessoas defendem a decisão, outras afirmam que ela é preocupante, um ato de censura.
Em nota publicada nas redes sociais, a Secretaria afirma defendeu a importância do livro. Disse que “a história, lançada em 1986, centrada na amizade entre o Menino Marrom e o Menino Branco, promove discussões essenciais sobre respeito às diferenças e igualdade”.
Apesar disso, a nota conclui que: “ respeitando as preocupações dos pais e da comunidade escolar, decidiu pela suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro”.
Nos comentários, várias pessoas se manifestaram contra a decisão, dizendo, por exemplo, que é absurdo censurar um livro, principalmente uma obra escrita por um mineiro tão consagrado.
Quem é Ziraldo?
Ziraldo nasceu em Minas Gerais, na cidade de Caratinga, em outubro de 1932. Ele morreu em abril deste ano, aos 91 anos de idade. Escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista, foi um dos fundadores do jornal "O Pasquim” e se consagrou como um dos principais autores de livros infantis do Brasil. A sua obra de maior renome é "O Menino Maluquinho”, também adaptado para o cinema.
O escritor Jeferson Tenório, que recentemente teve a sua principal obra, O Avesso da Pele, retirada de bibliotecas públicas no Paraná, também se manifestou pela redes sociais. Disse que os pais não devem pautar os planos de aula, porque isso é atribuição dos professores e da equipe pedagógica.
Tenório opinou ainda que essas atitudes autoritárias querem acabar com a formação do pensamento crítico em crianças e adolescentes.