Nos próximos dois meses, o Ministério da Educação fará consultas à população para criar e organizar a Universidade Indígena Nacional. A iniciativa faz parte das ações de um Grupo de Trabalho, criado em abril. Os encontros para discutir a criação da universidade começaram no último dia 5, em Salvador, Bahia, e serão realizados em 12 Estados, de todas as regiões do país, até o dia 11 de setembro.
O objetivo é que os povos tenham garantia de gestão e recursos em todas as etapas do projeto, com prioridade para atuação de indígenas no quadro institucional. Essa é uma demanda antiga, apresentada ainda em 2009, na Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, principal instância de consulta aos representantes dos povos indígenas.
Alva Rosa Tucano, membro da Comissão Nacional de Educação Nacional Indígena, lembra que o primeiro desafio é a definição do local para instalação da universidade, por isso a importância desta fase de "escuta nos territórios".
“Uma das coisas que a gente já começa a ouvir... poque todos querem, todos os estados querem uma universidade indígena. Por isso a importância dessa escuta, pra explicar. Essa demanda é antiga justamente porque temos territórios muito amplos, que ficam muito longe das cidades”.
De 2011 a 2021, a quantidade de alunos indígenas no ensino superior aumentou mais 370%. Mas, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Brasil, a rede privada respondeu por quase dois terços do total de matrículas no período.
De acordo com Alva Rosa, outros desafios a longo prazo são: a criação de um corpo docente indígena e que a universidade vá até o indígena, e não o contrário.
“Hoje a universidade atual requer doutores e mestres dentro da universidade, certo? Esse corpo a gente não tem. Mas nós queremos uma universidade, pelo menos, que atenda toda essa nossa diversidade. Universidade atual só atua nas capitais e municípios maiores. Queremos uma universidade mais plural, que não seja preconceituosa, mas que atenda aos nossos anseios, que leve os cursos para os territórios”.
De acordo com o IBGE, o número de indígenas no país era de 1,7 milhão de pessoas em 2022. Mais da metade vive em cidades e território da Amazônia Legal, região que receberá quase a metade dos seminários para discutir a criação da Universidade Indígena. O próximo acontece em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nesta quinta-feira (11).