Restrição do uso de celular em escolas divide opinião de educadores
O novo ano escolar começa com uma novidade: crianças e adolescentes não podem mais utilizar de forma indiscriminada aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares. A regra se aplica para escolas públicas e privadas de educação básica de todo o país. A decisão, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, levantou debates sobre a aplicabilidade da lei no dia a dia escolar.
Além de restringir o uso dos dispositivos eletrônicos, a lei também obriga as escolas a desenvolverem estratégias para prevenir e tratar o sofrimento psíquico e a saúde mental dos alunos.
Mas a lei, mesmo tendo como base pesquisas e estudos, ainda divide opiniões. Para o professor Hermínio Borges Neto, que atua na Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará e debate temas voltados a Tecnologias na Educação e Inclusão Digital, a nova legislação é um atraso.
"Então, será que pelo fato de eu não conseguir fazer o uso pedagógico dessa ferramenta, é melhor proibir? Se os estudantes brigam muito na quadra quando estão jogando futebol, é melhor proibir o futebol? Qual o ponto que eu acho que fracassa? É trabalhar com aquele docente e desenvolver metodologias de como trabalhar aquela ferramenta. Proibir é um atraso. É melhor trabalhar com um aliado na tecnologia."
Em sala de aula, o uso dos celulares só será permitido para fins pedagógicos ou didáticos, mediante orientação dos professores. O cenário complexo de como tornar essa realidade viável também foi recebido com entusiasmo. Para o diretor do Colégio Estadual Liceu do Ceará, Edson Braga, o diálogo será a base para enfrentar os desafios de aplicabilidade da lei.
"E eu acredito nisso, uma escola democrática. Eu não posso apenas decidir: a partir do dia 3 todos os alunos voltarem do portão da escola para casa se tiverem com o celular dentro das suas mochilas. A gente tem que ter regras claras. Essas regras têm que ser incorporadas ao regimento da escola e essas regras têm que ser debatidas desde o primeiro dia de aula com os nossos alunos para que eles saibam as características basilares dessa lei e entendam a importância de cumpri-la e quais as ações a escola terá para cumprir essa lei. Esta semana estamos na nossa jornada pedagógica. E pedimos a cada um dos nossos professores que pensem, estudem o tema, leiam a lei, para que essa discussão possa ser muito bem elaborada. E que desse encontro saiam soluções viáveis, soluções que sejam pertinentes ao dia a dia da escola, porque não é tão simples quanto parece, apenas tirar o celular, que a intencionalidade da lei nem é essa, é muito mais cuidar da saúde psicológica do nosso aluno.
Com a nova legislação, a expectativa é melhorar o desempenho acadêmico e a saúde mental dos alunos, reduzindo as distrações causadas pelo uso excessivo de tecnologia durante o horário escolar.