O nascimento da pequena Elisa foi todo planejado para ser por parto normal. Mas, na hora, a mãe Tatiana Jube, cedeu à cesárea. De acordo com ela, a falta de informação foi crucial para que ela permitisse a cirurgia de última hora. Mas, hoje, sete anos depois, ela afirma que foi enganada pelo profissional que a atendeu.
Situações como a de Tatiana estão entre os casos que a OMS (Organização Mundial de Saúde) quer reduzir. De acordo com a entidade, o número de intervenções na hora do parto, que deveria ser no máximo de 15%, deixou de ser um recurso para salvar as vidas de mãe e filho e passou a ser uma regra. No Brasil, o número de cesáreas feitas chega à 40% dos partos feitos na rede pública e ultrapassa os 88% na rede privada de saúde. Para a Organização, o país vive uma epidemia de cesarianas.
O presidente da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Etelvino Trindade, afirma que há muitas justificativas para a prática. Entre outras razões para o aumento das cirurgias está a redução do número de leitos para partos. Isso faz com que os hospitais prefiram as cesáreas, mais rápidas, e deixem o parto normal que pode durar mais de 12 horas. A falta de formação de médicos para um parto humanizado também é apontada pelo ginecologista como mais uma razão para os profissionais optarem pela cesárea.
De acordo com o estudo a “Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo”, elaborado pela Fiocruz e que acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio de Janeiro, no início do pré-natal, 70% das pesquisadas não tinham a cesárea como preferência. Mas 90% acabaram tendo seus bebês por essa forma, e a grande maioria apontou a influência do médico na decisão. Para Etelvino, essa é uma visão que está começando a mudar no Brasil, tirando o médico de protagonista do parto e colocando a mulher nesse papel.
Para a mãe Tatiana Jube, o fato de colocar a mulher como protagonista do próprio parto é fundamental, assim como as grávidas buscarem muita informação antes de dar a luz.
Como forma de diminuir o número de cesáreas no país, o Ministério da Saúde tem investido na criação de uma rede de maternidades que buscam identificar modelos de atenção ao parto, que promovam o cuidado e a segurança da mulher e do bebê com mais qualidade.