A Polícia Federal em Roraima negocia a liberação de servidores da saúde mantidos reféns por índios Yanomami, na região de Surucucu, a noroeste do Estado. Pelo menos 23 servidores da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) estão impedidos de deixar o local, desde a última sexta-feira. Eles foram para a região prestar atendimento à saúde. Além dos profissionais, quatro aviões, usados no transporte dos servidores, também estão em poder dos índios.
Os Yanomami pedem melhorias na saúde e a exoneração da atual coordenadora do Distrito de Saúde Indígena, Maria de Jesus Segundo o coordenador da Associação Yanomami Hutukara, Dário Kopenawa, os índios querem chamar a atenção para os problemas de saúde enfrentados no Estado.
"Aonde tem garimpo tem continuação de malária. Aonde tem o garimpo trabalhando e sujando nossos rios, continuam nossos problemas, principalmente hoje em dia temos problemas sérios de câncer. Os rios estão todos sujos, principalmente de mercúrio. Por causa disso, prejudica muito saúde na terra indígena Yanomami. A Sesai atua e trabalha na terra indígena yanomami, mas não tem condições porque a terra é grande", explica.
Segundo Dário Kopenawa, a Terra Yanomami se estende por 9 milhões de hectares. São 37 pólos base e cerca de 240 malocas para serem atendidas. Apesar de reconhecer os problemas, Dário Kopenawa, não concorda com a manifestação dos índios.
"A maioria das lideranças estão querendo protestar, querendo mostrar ao público, no nível nacional, mas outro lado, tão prejudicando também a outros nossos colegas, vizinhos, parentes. Nós da Hutukara somos contra porque não adianta trocar a gestora, porque não vai melhorar", afirmou.
A reportagem questionou a Funai e a Sesai sobre o atendimento à saúde prestado aos índios naquela região, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.