Seis milhões de habitantes, sem contar os que vivem na Região Metropolitana, mas vêm ao Rio de Janeiro para trabalhar, somados a quase 400 mil turistas e 10 mil atletas com suas delegações circulando pela cidade, durante um mês inteiro.
As Olimpíadas prometem testar os investimentos que estão sendo realizados para melhorar a mobilidade do Rio. A maior parte das arenas está sendo construída no Complexo Esportivo da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, e a dupla metrô e BRT é a principal aposta do poder público para garantir que os torcedores cheguem até lá.
Apesar do desafio ser grande, o presidente da Autoridade Pública Olímpica, Marcelo Pedroso, acredita que não haverá problemas.
Para isso, o governo do estado prometeu que a linha 4 do metrô, que liga a Barra até a Zona Sul da cidade, integrando-se à linha um em Ipanema, entra em operação um mês antes do início dos jogos.
A obra também foi definida pelo governador Luiz Fernando Pezão como o maior legado dos jogos olímpicos, e muitos moradores de fato aguardam ansiosos a sua conclusão. Um deles é o administrador Cláudio Pires, que mora em Niterói e trabalha no Centro do Rio, mas vai passar a trabalhar na Barra da Tijuca a partir de setembro.
Com a inauguração do metrô, ele estima que vai economizar pelo menos 40 minutos no trajeto, que vai incluir ainda uma viagem de ônibus e outra num catamarã. Mas Cláudio espera que o serviço ofereça qualidade, já que tem o objetivo de retirar dois mil veículos de circulação por hora nos horários de pico.
Além disso, um corredor rápido de ônibus também compõe o pacote de obras de mobilidade para os jogos olímpicos: a TransOlímpica, que liga o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, passando tanto pelo Parque Olímpico da Barra quanto pelo Complexo Esportivo de Deodoro, que vai receber competições como a de tiro e de canoagem.
A Transcarioca, inaugurada para a Copa do Mundo de 2014, também é uma via de escoamento para quem chega pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim e para quem vai à Barra da Tijuca. No entanto, o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e especialista em transportes, Alexandre Rojas, faz ressalvas quanto à prioridade dada pelo poder público ao BRT para integrar regiões distantes da cidade.
A rede de corredores rápidos do Rio de Janeiro inclui ainda a TransOeste, já em operação, e a TransBrasil, prevista para 2017. Mas apesar de ter escolhido os BRT's como grande projeto de mobilidade para a Cidade Olímpica, o prefeito Eduardo Paes considera como principal obra em curso um outro modal, que passa longe de qualquer espaço de competição. É o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da região central da cidade, que vai da rodoviária até a Praça XV e está incluído no pacote de obras de legado dos jogos.
Mas a ideia não agradou a todo mundo. Como as obras demandaram o fechamento de diversas ruas do centro da cidade, pessoas que preferem usar o carro, como o servidor federal Celso Alvarez, consideram o VLT um atraso.
Já o professor Alexandre Rojas está do lado do prefeito nesse embate. Ele concorda que as obras incomodam, mas considera que o VLT é o modal adequado para quem precisa circular entre os diversos pontos do centro da cidade e acredita que a região ficará mais agradável sem tantos carros e ônibus em circulação.