Setenta por cento dos crimes registrados de intolerância religiosa no Rio de Janeiro nos últimos quatro anos são contra praticantes de religiões de matriz africana. A informação consta no relatório organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. O levantamento divulgado nesta quinta-feira (21) foi feito com de dez fontes distintas.
Responsável pela pesquisa, o Babalawo Ivanir dos Santos, ressalta que desde 2012 ocorreram mais de mil casos de ofensas apenas no estado do Rio.
O relatório foi lançado no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, na Igreja Ecumênica da Religião de Deus, no bairro Riachuelo, zona Norte do Rio de Janeiro. Uma das participantes do ato foi a adolescente Kayllane Campos, 12 anos, que levou uma pedrada no ano passado por estar com vestuário de candomblé.
A pesquisa mostra também que cresceu nos últimos meses a intolerância contra muçulmanos no Rio. De setembro a dezembro do ano passado, mais de 30% das denúncias foram contra muçulmanos. Candomblecistas representaram 30%, indígenas (6%) e agnósticos (5 %). Os dados são do Centro estadual de Promoção à Liberdade Religiosa. O babalawo Ivanir relaciona esse aumento com o ataque terrorista em Paris em novembro.
O levantamento traz ainda dados da Secretaria de Direitos Humanos. Entre 2011 e 2015, o Disque 100 recebeu 697 denúncias de intolerância religiosa. Em quase 27% dos casos os suspeitos de agressão eram vizinhos. Mais de 29% eram desconhecidos e 4% dos agressores eram professores.
