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Adolescente resiste à infecção por raiva humana e é o segundo sobrevivente no país

Caso raro
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Juliana Cézar Nunes
09/01/2018 - 21:04
Brasília

A Secretaria de Saúde do Amazonas apresentou, nesta terça-feira (9), um relatório detalhado sobre a evolução de um paciente que foi submetido a tratamento contra infecção por raiva humana.

 

Mateus Santos da Silva, de 14 anos, morador da região do rio Unini, passou 40 dias em coma induzido. Foi submetido a um tratamento experimental na Fundação de Medicina Tropical, com supervisão de especialistas norte-americanos.

 

No ano passado, dois irmãos desse adolescente morreram por causa do mesmo vírus. Na última semana de 2017, os médicos de Manaus retiraram os sedativos e, agora, o menino está sob os cuidados de profissionais e familiares na enfermaria.

 

O caso é considerado raro porque apenas outras três pessoas em todo mundo, sendo uma delas em Pernambuco, no Brasil, tinham sobrevivido até hoje à raiva humana.

 

De acordo com o infectologista que coordenou o tratamento, diretor de Assistência Médica da Fundação de Medicina Tropical, Antônio Magela, já é possível comemorar, mas com cautela, já que a doença deixa uma série de sequelas.

 

Sonora: “Mas ele já reage à presença de familiares, reage aos alimentos dos quais ele não gosta, isso já significa boas respostas. E o fato de ele estar deglutindo espontaneamente, respirando espontaneamente, nos fazer pensar que áreas fundamentais do sistema nervoso dele foram preservadas ou estão se recuperando.”

 

O pai de Mateus, Levi Castro da Silva, de 48 anos, celebra o resultado do tratamento, mas vive a tristeza pela perda dos outros filhos e a preocupação com os problemas de saúde que o filho sobrevivente agora enfrenta.

 

Sonora: “Não só a vacinação, mas essa prevenção de 'gente, vamos colocar o mosquiteiro, vamos fechar as casas, não deixei o morcego entrar, isso é perigoso, mostrar os tipos de doença que isso causa'.”

 

O agricultor atribui a contaminação das crianças à falta de informação. Levi vive na região do rio Unini há 40 anos, foi mordido diversas vezes por morcego e nunca recebeu orientações sobre prevenção da raiva humana.

 

Sonora: “A gente tá levando. Conseguindo com essas notícias boas da parte do Mateus ajudando um pouco a amenizar o sofrimento e a dor da saudade da separação dos outros.”

 

A raiva humana é transmitida pela mordedura de animais como cães, gatos e morcegos. O adolescente do Amazonas que sobreviveu à doença foi infectado por mordida de morcego.

 

Uma força-tarefa foi realizada na região do rio Unini para a vacinação preventiva dos moradores e para o controle da população de morcegos. Após a mordida por um animal contaminado com a raiva, a doença pode se desenvolver entre uma semana e nove meses.

 

Os principais sintomas são deficit motor, com dormência ou formigamento de membros, e mudança de comportamento. Qualquer mordida de morcego deve ser investigada, e a vítima levada imediatamente para uma unidade de saúde.

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