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Prefeitura de São Paulo faz vistorias em prédios ocupados

Força-Tarefa
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Eliane Gonçalves
08/05/2018 - 08:40
São Paulo

A meta da Prefeitura é que os 70 prédios ocupados na região central de São Paulo passem por vistorias nos próximos 45 dias. Para isso, a prefeitura montou cinco grupos técnicos formado por engenheiros e pessoas indicadas por movimentos de moradia.


Mas, tanto o cronograma quanto os endereços das visitas foram mantidos em sigilo.


A medida foi tomada depois do desmoronamento do edíficio Wilton Paes de Almeida, na última terça-feira (1º).


Nessa segunda-feira (7), a reportagem da Rádio Nacional visitou quatro ocupações e, em apenas uma delas, a força-tarefa das vistorias tinha passado. O local fica na Avenida São João, bem próximo ao desastre. Lá, os moradores não quiseram gravar entrevistas.

 

Já no Caveirão, obra abandonada que fica na Sé, bem no coração de São Paulo, a expectativa é grande. O prédio, de tijolos aparentes e grandes buracos no lugar de janelas, é apontado como uma das ocupações em situação mais crítica.


O receio das pessoas é que elas sejam obrigadas a deixar o lugar sem que o problema da moradia seja resolvido, como conta Nataly Santos de Lima, de 27 anos.

 

“A gente está esperando que eles venham mesmo. Mas o que a gente não quer é deixar as pessoas e mães de família na rua. Como a situação lá do Paissandu, do prédio de vidro, né?”.


Nataly está grávida e mora no prédio com o marido e duas filhas pequenas. Ela é faxineira e vende lingerie. O marido é ajudante geral.


Ao contrário de outras ocupações, não existe um movimento organizado gerenciando o Caveirão.


Já os moradores da ocupação Luana Barbosa, que fica na zona oeste da cidade, não sabem se o prédio de três andares, onde vivem 20 famílias, está na lista de vistoria da prefeitura.


No último sábado (5), eles viram um buraco ser aberto em uma das paredes do imóvel, como conta o coordenador da ocupação, Renato Vieira.

 

“Os moradores ficaram em estado de choque, porque a gente tinha uma decisão judicial. A decisão foi favorável para os moradores e simplesmente eles começaram a quebrar a parede. Felizmente a gente conseguiu chamar um número grande de apoiadores aqui no entorno, a gente conseguiu contatar um advogado e eles conseguiram mediar a situação e intervir.”

 

O prédio foi desapropriado há cinco anos para a construção da Linha 6 Laranja do Metrô. Com as obras atrasadas e sem previsão de retomada, o préfio foi ocupado pelo Movimento Terra Livre, em dezembro do ano passado. Há dois meses, a Justiça negou a reintegração de posse.

 

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que o desmoronamento do edifício motivou o consórcio Move, responsável pelas obras da linha, a entrar com um novo pedido de reintegração de posse, mas que o buraco aberto na parede foi feito acidentalmente e os reparos foram providenciados.

 

Na ocupação Leila Khaled, onde mais da metade dos moradores é formada por refugiados, principalmente vindos da Síria, a expectativa das vistorias também é grande, mas nenhum morador concordou em gravar entrevista.


Segundo a defensora pública do Núcleo de Habitação Luiza Lins Veloso, o compromisso da prefeitura é de que as vistorias não vão resultar em remoções.


“A informação que o secretário passou para gente é que essas vistorias seriam apenas para apresentar um relatório da situação das ocupações, que não geraria de imediato remoções, e que a gente teria ciência de tudo.”


A reportagem pediu um balanço do primeiro dia de vistorias, mas não teve resposta. Nessa segunda-feira, engenheiros da prefeitura prestaram esclarecimentos sobre o incêndio que atingiu o edifício no Largo do Paissandu, antes do desabamento.

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