A trabalhadora rural Luzia de Oliveira vive com o marido, a filha e os netos em uma propriedade de 6 hectares de terra, o equivalente a seis campos de futebol, em um assentamento na baixada fluminense.
Responsável pela produção, a trabalhadora rural planta de tudo um pouco e ainda desenvolve produtos fitoterápicos manufaturados pela Coopaterra, uma cooperativa ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), embora lentamente, cresce o número de mulheres como dona Luzia, que estão a frente de estabelecimentos rurais.
Os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017, divulgados recentemente, mostram que entre 2006 e 2017 cresceu cerca de 6% o número de mulheres à frente dos empreendimentos.
Bia Carvalho, também trabalhadora rural no mesmo assentamento, destaca que as regras de titulação da propriedade que hoje pode ser feita no nome da mulher, é essencial para garantir a autonomia dessas mulheres por dar acesso, por exemplo a financiamento.
Para o técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) Gesmar Rosa dos Santos, os dados alertam para o desenvolvimento de mais políticas públicas voltadas para às mulheres.
Segundo os dados do censo, as mulheres dirigem mais de 945 mil unidades produtivas rurais.
Somados, os estabelecimentos dirigidos por homens e mulheres - quase 819 mil - representam cerca de 35% do total.