Programa que fornece passagem para migrante que quer deixar capital paulista é suspenso

São Paulo

Publicado em 18/08/2018 - 09:22 Por Eliane Gonçalves - São Paulo

A Prefeitura de São Paulo suspendeu o serviço de fornecimento de passagens de ônibus para migrantes de baixa renda que queiram deixar a capital paulista. 

 

Desde 2003 a prefeitura garantia o bilhete de volta para quem veio tentar a sorte em São Paulo e não se deu bem. Só no ano passado, foram fornecidas 1.687 passagens.

 

Há um ano, o Secretario de Assistência e Desenvolvimento Social, Felipe Sabará, chegou a fazer propaganda do programa nas redes sociais. Em um vídeo do Facebook, o secretário conversa com Antônio, morador de rua que tinha acabado de ganhar a passagem de volta para São Luiz, no Maranhão.

 

Mas, o programa foi suspenso há pelo menos dois meses.

 

Fábio Rodrigues de Sousa, de 32 anos, chegou atrás de trabalho, mas depois de dois anos enfrentando noites na rua e em albergues resolveu que era hora de voltar para casa, em Garanhuns, Pernambuco. Ele foi pedir ajuda em um centro de atendimento à população de rua.

 

Sonora: "Cheguei lá a assistente falou que a prefeitura não tá dando mais passagem e tem que ir pra outra cidade, no interior de São Paulo, pra conseguir a passagem."

 

Foi a mesma coisa com Francisco Marques de Sousa, na Paraíba.

 

Sonora: "Eles falaram que tinha cortado já. Nas antigas eles tinham. mas agora não tá tendo mais não. E o que tão podendo fazer é isso. Deixam as pessoas no albergue e é isso."

 

Para padre Júlio Lancelloti, coordenador da pastoral do Povo da Rua, o bilhete de volta é o serviço de assistência mais barato para os cofres públicos, só precisa ser feito com critérios.

 

Sonora: "Uma pessoa que está na rua em São Paulo custa para prefeitura, por mês, R$ 1,5 mil. Esse é um valor 10 vezes  para ele voltar para família dele. Então tem que ter critério. Não é favorecer o turismo de fazer as pessoas ficarem circulando pelo Brasil. Não fazer isso por higienismo, como fazem muitas cidades, em São Paulo. Agora, ele tem família, a família o aceita de volta, ele quer voltar pra família? Porque não garantir esse direito pra ele de voltar à família?''

 

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do município, o serviço foi suspenso em função de atrasos na licitação de fornecedores, mas deve voltar à normalidade a partir de setembro.

 

O custo mensal do programa é de R$35 mil reais. Há duas semanas, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, do PSDB, reconheceu que a população de rua na capital paulista está crescendo muito e, por isso, o recenseamento da população deve ser antecipado.

 

A estimativa oficial é que mais de 20 mil pessoas vivam nas calçadas da capital paulista.

 

Fábio e Francisco acabaram ganhando passagens da Pastoral do Povo da Rua logo depois da entrevista com a Radio Nacional.

 

As passagens só iam até Belo Horizonte e foram doadas por voluntários.

 

Últimas notícias
Saúde

OMS: Vacinas salvaram 154 milhões de vidas em 50 anos

Os esforços globais de imunização têm sido fundamentais, salvando aproximadamente 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, conforme indicado por um estudo conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelado recentemente.

Baixar arquivo
Economia

Reforma tributária: Haddad leva texto da regulamentação ao Congresso

O documento tem mais de 300 páginas e 500 artigos com as regras do novo sistema de cobrança de impostos. Ele substitui cinco impostos por dois, um federal e um para estados e municípios.

Baixar arquivo
Política

Congresso Nacional adia análise de vetos presidenciais

A ideia é dar mais tempo para os líderes do governo e da oposição entrarem em acordo para a votação.

Baixar arquivo
Internacional

Presidente de Portugal reconhece culpa pela escravidão no Brasil

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que seu país tem responsabilidade pelos crimes da era colonial, como tráfico de pessoas na África, massacres de indígenas e saques de bens.

Baixar arquivo
Geral

Preso, Chiquinho Brazão fala no Conselho de Ética da Câmara por vídeo

Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, está preso há um mês e é alvo de pedido de cassação apresentado pelo PSOL.

Baixar arquivo
Segurança

CCJ da Câmara aprova lei que permite aos estados decidirem sobre armas

Pelo projeto de lei, os estados poderiam decidir sobre a posse e o porte de armas. Parlamentares favoráveis à proposta acreditam que diferenças estaduais precisam ser respeitadas. Já os contrários, afirmam que regras sobre armas devem ser definidas por uma lei nacional. Base do governo aponta inconstitucionalidade da medida.

Baixar arquivo