Desafios e Perspectivas dos Estados: Gaúchos apostam no envelhecimento participativo e produtivo
O Rio Grande do Sul é o terceiro mais populoso estado brasileiro com cerca de 11 milhões e 300 mil habitantes, entre eles, mais de 8 milhões são eleitores. Empatado com o Rio de Janeiro, tem o maior percentual de população idosa. Praticamente, de cada dez habitantes, dois têm a partir de 60 anos.
Um exemplo é o aposentado Lenir Martins, de 81 anos. Assim que ele e a mulher se aposentaram, resolveram trocar São Paulo pelo município gaúcho de Pareci Novo a 71 quilômetros de Porto Alegre. De acordo com Lenir, parecia um lugar onde as pessoas não são estressadas. A cidade é exportadora de mudas e os moradores fazem questão de ter jardim em casa, com direito a concurso e tudo.
A maior expectativa de vida tem relação com melhores condições sanitárias, por exemplo. No Rio Grande do Sul, 85% dos domicílios contam com serviço de coleta de lixo. A rede de esgotamento sanitário tem cobertura de quase 70% e a água encanada chega a 9 de cada dez moradias.
Os fatores ambientais e estilo de vida, principalmente atividade física e nutrição, têm impacto de 70% no processo de envelhecimento e os fatores genéticos apenas 30%. Quem faz a observação é Newton Terra, diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC Rio Grande do Sul.
De acordo com o especialista, a importância das políticas públicas para a terceira idade fica ainda mais evidente, considerando-se que dentro de seis anos a depressão deve incapacitar e matar mais os idosos que as doenças cardiovasculares.
Além de saudável, o envelhecimento precisa ser participativo e produtivo. Entre as iniciativas que contribuem com esse objetivo, estão as universidades abertas. Surgidas nos anos 1970, na França, buscam estimular a criação de novos projetos de vida na terceira idade. É um caminho que se contrapõe à ideia de decadência e incapacidade para o trabalho na velhice e proporciona a continuidade de uma vida mais ativa, independente e prazerosa.
Uma ação recente nessa área foi a criação da Universidade Aberta da Terceira Idade, na PUC Rio Grande do Sul. São oferecidas diversas atividades, inclusive algumas gratuitas, para atualização de conhecimentos gerais, melhoria da renda, condicionamento físico, além de artísticas e culturais. Entre as vantagens: melhora da cognição, autoestima, fortalecimento da participação social e política. Também ajuda a descobrir e desenvolver novas capacidades.
Por falar em educação, a taxa de analfabetismo no Rio Grande do Sul é de apenas 3%, bem inferior à nacional de 7. O número de jovens que não estudam nem trabalham soma 16%.
Na área econômica, a taxa de desemprego é de 8,3% e o rendimento médio mensal R$ 2.418, um dos mais altos do país.
O estado destaca-se principalmente na agropecuária e lidera a produção nacional de carpa, arroz com casca, batata-doce, mel, melancia e fumo. Também relevantes são as indústrias têxtil, madeireira, alimentícia, metalúrgica, química, de couro e de calçados.
Em termos de segurança pública, o Atlas da Violência 2018 aponta taxa de homicídios de 28,6 por 100 mil habitantes, a maior da região Sul.