Viva Maria: Movimentos choram morte de Dona Dijé, ativista quilombola que lutava pelo acesso à terra
“Nós queremos o territóriopara nascer, viver, germinar e morrer”. Assim falava uma grande liderança extrativista.
Uma mulher palmeira. Maria de Jesus Bringelo, mais conhecida como Dona Dijé. Mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu. Referencial humano e inspiração para a luta dos povos e comunidades tradicionais.
Dona Dijé sempre lutou pelo acesso livre ao território. E foi por força dessa luta que nossa Maria tombou como as palmeiras de babaçu quando, envenenadas pelos fazendeiros, que preferem pôr fim às árvores, a deixá-las vivas para o trabalho extrativista das quebradeiras.
Dona Dijé morreu na última quinta-feira lá no Quilombo Monte Alegre, no Maranhão, onde vivia há 70 anos. Seu coração, apesar de forte, não resistiu às ameaças e também às pressões feitas à sua própria comunidade, cada vez mais vulnerável à ganância do latifúndio.
Como diz Givânia Maria Silva, uma das fundadoras da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Dona Dijé não foi atingida por um tiro à queima-roupa, mas o motivo do infarto fulminante que sofreu tem sua origem na dor e na tristeza. Vamos ouvi-la.
Maria Aparecida Matos, da Rede Alagbara, que reúne mulheres negras e quilombolas do Tocantins, também compartilha o luto e a importância de Dona Dijé para o movimento.
Na última sexta-feira, a luta de Dona Dijé foi lembrada também pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Débora Duprat, na Casa da ONU, em Brasília, durante a entrevista coletiva realizada pela ONU Mulheres, Ibope e Instituto Patrícia Galvão, no lançamento de uma pesquisa inédita que, amanhã, será tema do nosso Viva Maria.
Na oportunidade, houve ainda o lançamento da plataforma #Brasil5050, que tem por objetivo comprometer candidatas e candidatos com as políticas voltadas à igualdade de gênero. Sobre ela falamos também com a doutora Débora Duprat, que lembrou com saudade Dona Dijé.
Viva Maria: Programete que aborda assuntos ligados aos direitos das mulheres e outros aspectos da questão de gênero. É publicado de segunda a sexta-feira. Acesse aqui as edições anteriores.