Operação Salvator prende mais de 40 pessoas no Rio de Janeiro suspeitas de ligação com milícias
A Polícia Civil e o Ministério Público estadual deflagraram nesta quinta-feira (4) a Operação Salvator, para cumprimento de 77 mandados de prisão preventiva e também 90 mandados de busca e apreensão, contra a milícia que atua em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Além disso a Justiça também decretou a quebra de sigilo de dados e o bloqueio de contas bancárias dos denunciados.
Entre os alvos da ação de hoje estão policiais militares e advogados. Mais de 40 pessoas foram presas até o momento.
De acordo com o Ministério Público, a quadrilha de Itaboraí seria uma espécie de franquia da milícia de Curicica, que atua na região da zona oeste da capital fluminense, e é liderada pelo ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, atualmente preso em uma penitenciária federal, e que também foi denunciado.
Ainda segundo o Ministério Público, Orlando Curicica, fornecia armamento e ‘soldados’ para a milícia de Itaguaí, liderada por um homem identificado como Renato, conhecido como “Renatinho problema “ ou ‘Natan’, que retribuía com o repasse de um percentual dos valores arrecadados por sua quadrilha.
A organização criminosa começou a se estabelecer em Itaboraí entre o final de 2017 e o início de 2018, quando conseguiu expulsar a facção de traficantes que dominava as localidades de Visconde de Itaboraí, Areal e Porto das Caixas.
Em seguida, o bando começou a praticar os crimes típicos da milícia como exploração ilegal do transporte alternativo e do comércio de gás e de água; distribuição de sinais clandestinos de internet e televisão a cabo; agiotagem; e cobrança de taxa de proteção de moradores e comerciantes e até de grandes empresas da região, inclusive das que atuavam nas obras do Comperj, o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro. O Ministério Público estima que a milícia movimentava cerca de R$ 500 mil por mês.
Para manter o controle territorial, o monopólio das atividades econômicas e evitar que suas ações criminosas sejam denunciadas, a quadrilha agia com extrema violência e cometeu vários tipos de delitos, como homicídios, ameaças e torturas.
O Ministério Público destaca ainda que integrantes da milícia são apontados como autores, em parceria com policiais militares, da maior chacina já ocorrida em Itaboraí, em 20 de janeiro de 2019, ocasião em que dez pessoas foram brutalmente assassinadas.